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Escalada de violência pressiona Elmano a tentar última cartada
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Henrique Araújo é jornalista e doutorando em Sociologia pela Universidade Federal do Ceará (UFC), com mestrado em Sociologia (UFC) e em Literatura Comparada (UFC). Cronista do O POVO, escreve às quartas-feiras no jornal. Foi editor-chefe de Cultura, editor-adjunto de Cidades, editor-adjunto de Política e repórter especial. Mantém uma coluna sobre bastidores da política publicada às segundas, quintas e sextas-feiras.

Escalada de violência pressiona Elmano a tentar última cartada

Nesta segunda-feira, 3, o chefe do Abolição se viu obrigado a fazer mais uma alteração: desta vez, no comando-geral da PM
Governador Elmano de Freitas no início dos trabalhos no Legislativo (Foto: Samuel Setubal)
Foto: Samuel Setubal Governador Elmano de Freitas no início dos trabalhos no Legislativo

O governador Elmano de Freitas (PT) está sob pressão dos números negativos da segurança, com incidência de homicídios em patamar elevado, mesmo depois de mudança na chefia da pasta responsável pela área.

Nesta segunda-feira, 3, o chefe do Abolição se viu obrigado a fazer mais uma alteração: desta vez, no comando-geral da PM, função da qual saiu o coronel Klênio Sávyo após dois anos de trabalhos.

Em seu lugar, assume o também coronel Sinval Sampaio, a quem cabe agora capitanear a tropa em momento sensível política e eleitoralmente.

Os desafios são imensos, da mobilização do contingente para fazer frente à criminalidade até a urgência por resultados que se reflitam nas ruas nos próximos meses.

Caberá ainda ao novo comandante estar encarregado da missão quando o sistema de metas for implementado por Elmano.

A isso se soma finalmente um clima de tensão nos quartéis por causa da série de assassinatos envolvendo policiais (militares, civis e penais, tais como o último, morto no Centro durante operação).

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A troca de bastão na cúpula da PM é, grosso modo, a última cartada de Elmano antes de 2026. Até lá, está afastada, salvo reviravolta, qualquer hipótese de dança das cadeiras na SSPDS, sob a batuta de Roberto Sá desde maio do ano passado – o antecessor, Samuel Elânio, caiu exatamente por minimizar o quadro geral.

A posição é drasticamente diferente da adotada neste momento pelo governador, que assume para si a responsabilidade ao expressar sua insatisfação com os resultados colhidos até aqui, sem pretender tapar o sol com a peneira.

Não deixa de ser um recado público para Sá, cuja posse na SSPDS foi marcada por frases duras contra as organizações criminosas no Ceará.

É, do mesmo modo, um lance com duplo alvo do governador. Politicamente, admitindo de partida contrariedade com a própria gestão no âmbito da Segurança, Elmano tenta desarmar a oposição, esvaziando o seu discurso.

Esse movimento se completa com a entrada do novo comandante, ação concreta cuja leitura presumida é demonstrar que o Abolição não está parado.

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