Henrique Araújo é jornalista e doutorando em Sociologia pela Universidade Federal do Ceará (UFC), com mestrado em Sociologia (UFC) e em Literatura Comparada (UFC). Cronista do O POVO, escreve às quartas-feiras no jornal. Foi editor-chefe de Cultura, editor-adjunto de Cidades, editor-adjunto de Política e repórter especial. Mantém uma coluna sobre bastidores da política publicada às segundas, quintas e sextas-feiras.
Foto: Vinicius Loures/Câmara dos Deputados
DAYANY Bittencourt, deputada federal
O bloco de oposição ao governador Elmano de Freitas (PT) planeja uma "super-segunda" hoje, dia 19, com seminário nacional em Fortaleza capitaneado por Dayany Bittencourt (União Brasil-CE), a partir das 13 horas, e café da manhã de André Fernandes (PL) com vereadores na Câmara Municipal, às 9h. Ambos deputados federais, Dayany e André figuram entre as principais forças anti-PT no estado. Tal como já vem se dando entre lideranças e deputados adversários da gestão petista no âmbito mais local, em rodadas semanais que alternam convidados, o parlamentar do PL passa a também manter conversas frequentes com a bancada opositora na Capital, notadamente com membros do próprio partido e do União Brasil. Essa agenda ganha tração às vésperas da visita do ex-presidente Jair Bolsonaro ao território cearense, prevista para 30/5, e na esteira dos arranjos entre Ciro Gomes (PDT) e essa ala à direita.
Mobilização anti-Camilo
A intenção é desde já conjugar esforços em todas as frentes, mas tendo como horizonte uma composição de olho no pleito. Daí a pauta do evento cuja articulação coube a Dayany (casada com o ex-deputado Capitão Wagner), a saber: segurança pública. Mais especificamente, o encontro, marcado para a Assembleia Legislativa (Alece), pretende reunir "parlamentares, representantes das forças de segurança e especialistas em políticas públicas" para discutir os problemas do setor, ou seja, é oportunidade para que a oposição explore o assunto que está na origem das maiores dores de cabeça do governo estadual, a despeito de melhorias recentes nos dados apresentados. Já na Câmara, a reentrada em cena de André demarca outra etapa dessa espécie de "guerra por espaço", com o desafio posto de aglutinar as agremiações que estiveram juntas no 2º turno da disputa de 2024.
Sinais, fortes sinais...
Junte-se a isso a dobradinha que o ex-senador Tasso Jereissati (PSDB) e Ciro vêm fazendo publicamente, e tem-se cenário de convergência gradual de atores interessados no mesmo propósito: costurar uma plataforma que tenha condições de enfrentar o robusto condomínio governista. Um flerte com essa possibilidade já se entrevê aqui e ali, em gestos e mensagens em aparência despretensiosos. Foi o que se viu no último fim de semana, quando Ciro compartilhou menção a uma participação durante homenagem ao Ceará em 1991, à época sob sua gestão. Anunciado por um William Bonner ainda sem mechas grisalhas, o programa estrelava os integrantes de "Os Trapalhões" - Renato Aragão, o Didi, era embaixador do Unicef. Pelas redes, então, Ciro escreveu no sábado (17) que dividia a "lembrança com muito carinho" de um período em que ele e seu amigo Tasso receberam a honraria pelo combate à mortalidade infantil. O tucano, de pronto, replicou o conteúdo. Longe do mero saudosismo, o ato sugere sintonia entre os dois, que ensaiam uma movimentação que pode levá-los a estar no mesmo partido novamente.
Mãos à obra
Sob as bênçãos do senador Cid Gomes (PSB), o deputado federal Júnior Mano (PSB) tem varado o interior do estado amarrando apoios de prefeitos a sua pré-campanha ao Senado, numa das vagas da chapa aliancista. A um ano e poucos meses da eleição, conta-se que Mano se convenceu de que Cid terá capital suficiente para empenhar em seu favor nesse trabalho de persuasão que vem fazendo entre as siglas da base (alguma relação com a conversa recente entre o ex-governador e o atual?). Fato é que Mano está cada vez mais à vontade no papel de "senatoriável", digamos assim, e nem mesmo esse desconfortável silêncio no PSB sobre a razoabilidade de sua candidatura parece capaz de dissuadi-lo.
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