Logo O POVO+
Camilo e Guimarães tentam evitar confronto no PT
Foto de Henrique Araújo
clique para exibir bio do colunista

Henrique Araújo é jornalista e doutorando em Sociologia pela Universidade Federal do Ceará (UFC), com mestrado em Sociologia (UFC) e em Literatura Comparada (UFC). Cronista do O POVO, escreve às quartas-feiras no jornal. Foi editor-chefe de Cultura, editor-adjunto de Cidades, editor-adjunto de Política e repórter especial. Mantém uma coluna sobre bastidores da política publicada às segundas, quintas e sextas-feiras.

Camilo e Guimarães tentam evitar confronto no PT

Os dois campos (o Popular e o Democrático) caminham para se enfrentarem pelas vagas do diretório e da executiva partidárias do PT estadual
Tipo Análise
POSSÍVEL acordo ente o grupo de José Guimarães e o do Camilo Santana em torno da candidatura de Antônio Conin Filho (Foto: Reprodução//instagram)
Foto: Reprodução//instagram POSSÍVEL acordo ente o grupo de José Guimarães e o do Camilo Santana em torno da candidatura de Antônio Conin Filho

Mesmo que exista acordo entre o grupo do ministro Camilo Santana (Educação) e o do deputado federal José Guimarães em torno da candidatura de Antônio Conin Filho à presidência estadual do PT, os dois campos (o Popular e o Democrático) caminham para se enfrentarem pelas vagas do diretório e da executiva partidárias. Até as eleições no dia 6 de julho, claro, muita conversa deve transcorrer sob a ponte, sobretudo porque se trata de processos distintos - um que define o comando no âmbito do estado e outro, a composição da instância máxima da legenda. Até agora, todavia, não parece haver disposição de parte a parte para uma costura política que contorne o embate, de modo que os petistas mais graduados no Ceará podem estar em vias de medir forças, conforme a coluna já havia informado ainda na semana passada. Um parlamentar mais próximo do ex-governador comentou, por exemplo, que a escolha dos novos dirigentes deve redimensionar internamente a estatura das duas lideranças, com um deslocamento de capital do deputado para a órbita do ministro. Os esforços em busca de entendimento, porém, não foram deixados de lado. Há emissários de ambos os blocos tentando viabilizar alinhamento.

Augusta é candidata?

Foi nesse cenário que se propagou a hipótese (sem fundamento) de que o acerto entre Camilo e Guimarães em relação à recondução de Conin como presidente tinha naufragado e que, para o posto, o "camilismo" havia escalado a senadora Augusta Brito. De tudo isso, sobrevive apenas uma meia-verdade: Augusta de fato integra a chapa do Campo Popular, do qual faz parte, mas só poderá postular cadeira na executiva ou no diretório. Regimentalmente, a petista está impedida de concorrer à direção da sigla, visto que os prazos que dispõem sobre as candidaturas já expiraram. Noves fora o factoide, o que se nota é certo clima de "guerra fria" que paira sobre o processo de eleição doméstica no PT.

Ciro observa o quadro nacional

A candidatura de Ciro Gomes (PDT) ao Governo do Estado em 2026 depende de pelo menos uma variável nacional: haveria espaço para um nome sem identificação imediata com os polos antagônicos já constituídos (lulismo e bolsonarismo) na briga pela Presidência? Se avaliar que sim, o pedetista pode eventualmente entrar na peleja mais uma vez. Do contrário, a tendência é de que se volte totalmente para o pleito estadual, ou seja, para a tentativa de derrotar o petismo hoje hegemônico no Ceará. Sobram elementos que dificultam essa empreitada, contudo. Cito dois: o gigantismo da base do Abolição (a despeito de fusões e federações em andamento) e o histórico de reveses do pedetista - sem falar na inércia do eleitorado, para quem é tentador reeleger gestores, à exceção daqueles mal avaliados no todo ou em áreas específicas.

Crônica de uma queda

Apenas dois dias antes de deixar a Secretaria da Saúde do Município (SMS), Socorro Martins despachou com vereadores e agendou reuniões para a semana seguinte, sem demonstrar que se afastaria do cargo. Na sexta, 16, recebeu parlamentar para tratar de ações no setor. "Encaminhamos várias pautas e ela já havia dado previsão da nossa próxima reunião. Não esperava essa saída", disse. Nas palavras dele, "não sei se ela esperava também" se exonerar. "Já tinha inclusive marcado reunião conosco na sexta (23). Marcou e agora caiu?", questionou, acrescentando que "me parece que foi mais algo político/partidário do que sobre a competência". Nos últimos dois meses, Socorro vinha passando por fritura da oposição e de aliados, um dos quais Adail Jr. À coluna, o pedetista foi lacônico sobre a demissão da agora ex-SMS: "Já esperava".

 

Foto do Henrique Araújo

Política como cenário. Políticos como personagens. Jornalismo como palco. Na minha coluna tudo isso está em movimento. Acesse minha página e clique no sino para receber notificações.

O que você achou desse conteúdo?