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Camilo alavanca Chagas e embaralha 2026
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Henrique Araújo é jornalista e doutorando em Sociologia pela Universidade Federal do Ceará (UFC), com mestrado em Sociologia (UFC) e em Literatura Comparada (UFC). Cronista do O POVO, escreve às quartas-feiras no jornal. Foi editor-chefe de Cultura, editor-adjunto de Cidades, editor-adjunto de Política e repórter especial. Mantém uma coluna sobre bastidores da política publicada às segundas, quintas e sextas-feiras.

Camilo alavanca Chagas e embaralha 2026

O ministro Camilo Santana (Educação) costuma despistar sobre predileções para 2026, mas tem se empenhado pessoalmente em fazer circular o nome do secretário Chagas Vieira (Casa Civil) para as eleições do ano que vem. Dias atrás, num domingo (18), o chefe do MEC cuidou em compartilhar nas redes mensagem cujo teor é sugestivo. Diz o texto: "Além de um grande trabalho no Governo do Estado, ao lado do nosso governador Elmano de Freitas, Chagas Vieira tem sido voz firme e importante na divulgação das ações do nosso estado e na luta contra fake news. Chagas (...) tem prestado relevante serviço ao Ceará". Assim, casualmente, o ex-governador voltou a repisar predicados do ex-auxiliar, agora ocupando o mesmo posto sob a gestão de Elmano. Trata-se de recado - a dúvida é para quem. Mas Camilo foi adiante: reconheceu também a trajetória de Chagas. A esta altura, esse movimento deu na vista, claro. Entre petistas ouvidos pela coluna, não há dúvida de que o ministro tenta pavimentar caminho para que o secretário postule mandato. Se de senador, deputado (estadual/federal) ou de vice na chapa encabeçada pelo atual governador, só o tempo dirá. Há variáveis a considerar, todavia. A principal delas é: com cenário já tão nebuloso para a formação do bloco governista, a entrada em cena de mais um quadro para disputar posições não acabaria por elevar a temperatura no grupo?

"Chaguismo" ganha terreno

Como toda resposta é insuficiente neste momento, tão distante que se está da campanha, resta avaliar o traçado que os personagens vêm fazendo no tabuleiro. Não entrelinhas, mas gestos concretos. Ora, sob essa chave, tanto Camilo quanto o secretário parecem concordar quanto a um aspecto: a atual "encarnação" de Chagas na Casa Civil de Elmano difere bastante da que teve sob gestão do mesmo Camilo. Lá, o secretário, embora homem forte do Executivo, detinha grande força, mas sem a proeminência que se vê agora, com volume nas redes e nas agendas públicas. É uma volta no parafuso. Não é que Camilo tenha passado a encorajar Chagas a entrar na dança. O próprio secretário talvez tenha percebido que consegue manejar ferramentas políticas com habilidade, confrontando a oposição, o que tem lhe conferido combustível para arriscar uns passos. Some-se a isso o fato de que o jornalista foi designado pelo titular do MEC para cumprir uma missão, a saber, melhorar a imagem do governador.

A situação de Roberto Cláudio

Entre costuras partidárias e mesas de negociação, o ex-prefeito de Fortaleza Roberto Cláudio circula por Brasília desde ontem. Dentro do União Brasil, como já informado pela coluna, a expectativa é de que RC anuncie filiação até meados de junho, o que asseguraria o estatuto de oposição da legenda no Ceará. Aliás, esse seria o principal entrave nas conversas, isto é, a necessidade de uma garantia de que o UB não poderia cair em tentação local e se deslocar para o eixo do governismo depois da federação com o PP - uma possibilidade já descartada por Capitão Wagner, dirigente da sigla.

Eunício e Guimarães avançam

O deputado federal Eunício Oliveira (MDB) tem se movimentado para se certificar de que sua vaga na chapa para concorrer ao Senado em 2026 não seja rifada em meio a esse leilão de nomes dentro do arco governista, com ao menos sete pré-candidatos a apenas duas cadeiras, um excedente significativo que deve criar alguma dor de cabeça para Elmano na hora de bater o martelo. Afinal, a preço de hoje, nem Eunício está disposto a abrir mão da candidatura, tampouco o também deputado José Guimarães (PT), para quem sua eleição para a Câmara Alta "é uma prioridade do PT nacional e do presidente Lula" - nas palavras do petista, evidentemente.

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