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Oposição a Elmano ganha tração com RC e bolsonaristas
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Henrique Araújo é jornalista e doutorando em Sociologia pela Universidade Federal do Ceará (UFC), com mestrado em Sociologia (UFC) e em Literatura Comparada (UFC). Cronista do O POVO, escreve às quartas-feiras no jornal. Foi editor-chefe de Cultura, editor-adjunto de Cidades, editor-adjunto de Política e repórter especial. Mantém uma coluna sobre bastidores da política publicada às segundas, quintas e sextas-feiras.

Oposição a Elmano ganha tração com RC e bolsonaristas

ntre o informe de que deixava o brizolismo e uma rodada com Rogério Marinho (PL) e o próprio Bolsonaro para acertar a costura política em torno de uma chapa única em 2026 no Ceará, houve apenas algumas horas, durante as quais RC passou a se tornar o principal nome para enfrentar o chefe do Abolição na corrida eleitoral do ano que vem
Tipo Opinião
Roberto Cláudio concede entrevista aos jornalistas no escritório do deputado Claudio Pinho (Foto: Bianca Mota para O POVO)
Foto: Bianca Mota para O POVO Roberto Cláudio concede entrevista aos jornalistas no escritório do deputado Claudio Pinho

A oposição ao governador Elmano de Freitas (PT) avançou dez casas ontem, com o anúncio de desfiliação de Roberto Cláudio do PDT e o início de tratativas em Fortaleza com o PL do ex-presidente Jair Bolsonaro, que participa de seminário na capital cearense nesta sexta-feira, 30. Entre o informe de que deixava o brizolismo e uma rodada com Rogério Marinho (PL) e o próprio Bolsonaro para acertar a costura política em torno de uma chapa única em 2026 no Ceará, houve apenas algumas horas, durante as quais RC passou a se tornar o principal nome para enfrentar o chefe do Abolição na corrida eleitoral do ano que vem. À coluna, o ex-prefeito assegurou que "não deve demorar" o ingresso noutro partido, que tende a ser o União Brasil do ex-deputado federal Capitão Wagner, em vias de se federar com o PP. Fora do pedetismo, RC deve levar consigo os três últimos deputados estaduais ainda filiados à sigla trabalhista: Cláudio Pinho, Antônio Henrique e Queiroz Filho, havendo dúvida apenas quanto ao melhor destino partidário para cada um, se UB ou outra agremiação do polo anti-PT. Organizando as coisas: o bloco opositor terminou o dia com um potencial candidato cuja chapa deve estar composta por todas as grandes legendas hoje nesse campo, do PL ao União, incluindo PSDB e possivelmente PP e até mesmo outras forças que por ora se mantêm na base de Elmano. Aos poucos, então, o grupo ganhou não apenas uma cara, mas uma plataforma comum.

Manifesto anti-PT

Note-se que RC fez do ato de desembarque do PDT um manifesto de crítica ao governo petista, sobretudo no âmbito estadual, com ataques mais enfáticos em três áreas principais: segurança pública, economia e trabalho. "O Ceará vive hoje um preocupante ciclo, sem precedentes em nossa história recente, de decadência moral e política na aliança que sustenta o governo estadual", escreveu, acrescentando que a "atual hegemonia política, liderada pelo PT, está marcada por um absurdo autoritarismo, por perseguições políticas nos quatro cantos do estado, por um vergonhoso patrimonialismo e por graves denúncias de abusos no uso de recursos públicos". Foi uma declaração de guerra, claro, mas nada tão destoante da postura que o ex-prefeito vinha adotando. A diferença é que o discurso de Roberto Cláudio não é mais o de alguém cuja viabilidade eleitoral dependeria de um aval da direção nacional, como era até então na legenda de Carlos Lupi e André Figueiredo. RC fala a partir de agora como o pré-candidato ao Governo que representa a coalização de oposição.

E Ciro?

A preço de hoje, Ciro Gomes, ainda no PDT, não acompanharia RC com destino ao União Brasil, seja por incompatibilidades programáticas, seja porque sua mudança natural e já pavimentada é a de retorno ao PSDB do ex-senador Tasso Jereissati, amigo de longa data de quem Ciro esteve afastado por mais tempo do que ambos gostariam. Logo, o cenário possível é que os aliados se dividam entre os partidos do bloco, com parte deles indo para o UB e outra para o PSDB/Podemos, a caminho de uma fusão com potencial para recolocar os tucanos no tabuleiro político local.

Cabeto para o Senado?

Exemplo desse tipo de movimento foi o que se viu com Cabeto Martins, ex-secretário de Saúde do governo de Camilo Santana (PT). Sem parecer excessivamente interessado em qualquer candidatura, o médico se reuniu com o grupo de deputados da oposição para tratar de temas caros ao estado, entre os quais a estrutura da rede de hospitais cearenses. Quem o viu se pronunciar, contudo, ficou com a impressão de que Cabeto teria perfil para postular uma das vagas de senador na chapa.

 

Foto do Henrique Araújo

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