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Camilo tenta minar candidatura de RC
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Henrique Araújo é jornalista e doutorando em Sociologia pela Universidade Federal do Ceará (UFC), com mestrado em Sociologia (UFC) e em Literatura Comparada (UFC). Cronista do O POVO, escreve às quartas-feiras no jornal. Foi editor-chefe de Cultura, editor-adjunto de Cidades, editor-adjunto de Política e repórter especial. Mantém uma coluna sobre bastidores da política publicada às segundas, quintas e sextas-feiras.

Camilo tenta minar candidatura de RC

As estratégias foram lançadas. A principal delas é atrair o União Brasil, o novo partido de RC, para a base de Elmano
CAMILO e RC quando ainda frequentavam o mesmo palco (Foto: Diego Camelo, em 21/11/2015)
Foto: Diego Camelo, em 21/11/2015 CAMILO e RC quando ainda frequentavam o mesmo palco

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O governismo entrou em campo para tentar minar a candidatura de Roberto Cláudio ao Governo pelo União Brasil antes mesmo da filiação do ex-prefeito à legenda. As vias em movimento são muitas, mas o propósito é um só: atrair a sigla oposicionista para a base de Elmano de Freitas (PT), que deve tentar a reeleição em 2026.

Caso não seja possível a adesão do UB, o bloco aliado se dá por satisfeito se conseguir ao menos rachar a agremiação, hoje caminhando com uma perna governista e outra antipetista. A dúvida é: nesse cabo de guerra, quem terá mais força, o União de Capitão Wagner e RC ou o União do prefeito Roberto Pessoa e dos deputados Moses Rodrigues e Fernanda Pessoa, além das demais lideranças interessadas numa aproximação com o Abolição?

É nisso que o petismo está de olho ao lançar ofensiva para consolidar interlocução com o grupo, seja com acertos para 2028, seja com a vaga para o Senado. Sabe-se que o ministro Camilo Santana (Educação), por exemplo, teria mantido tratativas com Moses, que não esconde disposição para concorrer a senador.

Nessa hipótese, o parlamentar, cujo pai é prefeito de Sobral, ocuparia uma das duas cadeiras - a outra seria destinada a Cid Gomes (PSB), que tem feito saber a todos que não pretende postular novo mandato, sugerindo o nome do deputado Júnior Mano (PSB) para o assento. E aqui começam as dificuldades: Moses e Cid são adversários em Sobral, administrada por Oscar Rodrigues. Para que essa costura se efetive, seria preciso convencer o ex-governador a se acomodar numa mesma chapa com Moses.

Desafios para RC no União

Essa é somente uma das dores de cabeça à espera de Roberto Cláudio no União Brasil, ou seja, a tarefa de, ainda não chegado ao partido, ter de se haver com um divisionismo interno semelhante ao que ele já havia experimentado dentro do PDT em 2022.

À época, então candidato ao Governo do Estado, RC foi para as ruas do Ceará em campanha, mas sem uma parcela importante de representantes do trabalhismo, àquela altura já fisgados pelo canto da sereia do poder. Cenário parecido se insinua agora, quase quatro anos depois, com mandatários de peso do UB em flerte com o Executivo estadual, numa espécie de traição precoce do noivo sem que o "casamento" esteja sequer consumado - para insistir nessa metáfora já gasta.

Senador Eduardo Girão (Foto: Fco Fontenele)
Foto: Fco Fontenele Senador Eduardo Girão

Girão abre divergência

Um segundo impasse para RC chama-se Eduardo Girão, senador pelo Novo cujo tom das críticas ao ex-prefeito da Capital vem se elevando a cada manifestação pública. À coluna, um integrante do partido afiançou: Girão será candidato ao Governo pelo campo conservador, isto é, o palanque do bolsonarismo em terras cearenses não vai se aclimatar ao lado do que esse grupo de "direita raiz" tem chamado de "camilistas arrependidos".

Para tanto, há articulação em andamento em Brasília envolvendo figuras tanto do Novo quanto de uma fração do PL que não parece satisfeita com decisões que o deputado federal André Fernandes tem tomado.

Cid mantém Mano na parada

Do muito que se discutiu e do pouco que se soube da reunião da cúpula dirigente no Abolição no fim de semana (Camilo, Cid e Elmano, a quem se somaram o prefeito Evandro Leitão e o secretário Chagas Vieira), um tópico se manteve à mesa: o nome de Mano para o Senado, conforme fonte, para quem Cid "estaria irredutível" em relação a esse compromisso.

Ou é isso, ou há o risco de recolhimento do senador para o bucolismo da serra durante a campanha de 26, como se viu em 2022. Entre o que seria um rompimento disfarçado e a tolerância a Mano, parte dos aliados prefere a segunda opção, a despeito do virtual estrago que uma candidatura do deputado poderia produzir na busca por recondução de Elmano.

 

Foto do Henrique Araújo

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