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O quartel-general da gestão Elmano
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Henrique Araújo é jornalista e doutorando em Sociologia pela Universidade Federal do Ceará (UFC), com mestrado em Sociologia (UFC) e em Literatura Comparada (UFC). Cronista do O POVO, escreve às quartas-feiras no jornal. Foi editor-chefe de Cultura, editor-adjunto de Cidades, editor-adjunto de Política e repórter especial. Mantém uma coluna sobre bastidores da política publicada às segundas, quintas e sextas-feiras.

O quartel-general da gestão Elmano

À coluna, um governista brincou que há mais ex-prefeitos na "secretaria do que no evento do Ciro Gomes"
Tipo Opinião
Governador Elmano de Freitas (Foto: JoaoFilho Tavares)
Foto: JoaoFilho Tavares Governador Elmano de Freitas

A Casa Civil do governo de Elmano de Freitas (PT) se converteu no "quartel-general" das estratégias contra o bloco da oposição. Além do protagonismo do titular, Chagas Vieira, o capital político da pasta inclui a nomeação de ex-prefeitos cearenses. Apenas entre o final de julho e início de agosto deste ano, por exemplo, foram alocados sob o guarda-chuva da secretaria nada menos do que 11 ex-chefes de Executivo municipal. A leva mais recente alçou ao cargo de assessores especiais do órgão os ex-prefeitos Antonio Nei de Souza (Pereiro), José Helder (Várzea Alegre), Anizário Jorge Costa (Jardim), Raimundo Lacerda Filho (Icapuí) e Carlos Áquila Cunha (Moraújo).

Antes deles, já haviam sido nomeados pelo secretário-chefe os ex-mandatários Priscilla Figueiredo (Quiterianópolis), Robert Viana Leitão (Mulungu), Bismarck Barros (Piquet Carneiro), Isaac Gomes da Silva Junior (Mauriti), Maria de Fatima Araújo Diógenes (Saboeiro) e Francisco Glairton Rabelo Cunha (Jaguaretama).

O número tem rendido gracejos. À coluna, um governista brincou que há mais ex-prefeitos na "secretaria do que no evento do Ciro Gomes" na última sexta-feira, 15, data de aniversário de 50 anos de Roberto Cláudio (sem partido).

O jogo dos prefeitos

Piadas à parte, a "boutade" da base de Elmano revela estratégia para o ano que vem, seja quem for o candidato adversário: garantir apoio de prefeitos, de modo a reduzir os espaços para que a chapa oposicionista encontre margem para contagiar um ou outro chefe. A lógica é a mesma de qualquer disputa, sem novidades.

Nela, pesa a mão forte do Estado, especialmente quando há convergência política como a que existe hoje no território, com alinhamento entre Governo, Paço e boa parcela das prefeituras de interior.

Daí que o próprio Chagas tenha se permitido zoar com Ciro Gomes pelas redes sociais ao perguntar "quantos (prefeitos) estavam prestigiando o 'mega' evento político, travestido de aniversário, ontem, numa fazenda em Capistrano?", e ele mesmo responder: "Um". A dúvida é: o apoio de um exército de prefeituras assegura uma reeleição? Sim e não.

Simbolismos e tal

O momento, aliás, soa como fim de um ciclo - e quem sabe o início de um outro. A fazenda em Capistrano a que Chagas se referiu é de propriedade do deputado estadual Felipe Mota (União Brasil), sobrinho de Gonzaga Mota, responsável por cunhar uma frase que se tornaria emblema das relações "made in" Ceará. Disse Totó: "A política é dinâmica".

Quase 40 anos atrás, o contexto era o da escolha do então jovem empresário Tasso Jereissati como candidato ao Governo contra o nome indicado por um triunvirato de coronéis. Ungido como postulante somente para "marcar posição" na corrida, como ele mesmo relata em ótima entrevista ao colega Erico Firmo, Tasso acabou vencendo.

Corta para 2025: o dinamismo da política cearense produziu um novo rearranjo de forças, capaz de unir Ciro, RC, André Fernandes e outros quadros cujas diferenças ideológicas, como o ex-presidenciável faz questão de ressaltar, são aparentemente insanáveis.

A volta do parafuso

O "ciclo das mudanças" encabeçado por Tasso e Ciro Gomes (aliados que ensaiam uma retomada para enfrentar o PT de Elmano e Camilo Santana) tem relação com outra personagem: Maria Luíza Fontenele, prefeita de Fortaleza eleita em 15 de novembro de 1985 (há quatro décadas).

Como a chegada de Tasso ao poder no ano seguinte, a vitória da petista foi um desses eventos definidores da paisagem política local. No curso da administração, a gestora manteve embates duros com Ciro, que venceria o pleito para a Prefeitura em 1988, cargo do qual se afastaria em 1990 para suceder a Tasso.

 

Foto do Henrique Araújo

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