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PL resiste em apoiar Ciro ao Governo
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Henrique Araújo é jornalista e doutorando em Sociologia pela Universidade Federal do Ceará (UFC), com mestrado em Sociologia (UFC) e em Literatura Comparada (UFC). Cronista do O POVO, escreve às quartas-feiras no jornal. Foi editor-chefe de Cultura, editor-adjunto de Cidades, editor-adjunto de Política e repórter especial. Mantém uma coluna sobre bastidores da política publicada às segundas, quintas e sextas-feiras.

PL resiste em apoiar Ciro ao Governo

Uma ala do PL revê a possibilidade de adesão a Ciro caso ele se apresente para postular o Abolição, por não identificá-lo como um perfil adequado e aliado ao bolsonarismo
CIRO Gomes (Foto: EVARISTO SA/AFP)
Foto: EVARISTO SA/AFP CIRO Gomes

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Um dos efeitos colaterais de uma previsível condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) no Supremo é inflamar ainda mais o ambiente eleitoral, a ponto de dificultar possíveis alianças, nacionais e locais. É o caso do Ceará.

Com um arranjo em andamento entre as forças adversárias do governador Elmano de Freitas (PT), partidos como PL, União Brasil, Novo e PSDB tentam convergir para um bloco e uma chapa únicos em 2026, seja em torno do ex-prefeito Roberto Cláudio, com desembarque esperado na federação, seja em torno de Ciro Gomes, ainda no PDT.

Um obstáculo começa a ganhar volume pela frente, porém: a mobilização por uma anistia que restitua os direitos políticos de Bolsonaro, perdoando retroativamente os condenados pelo 8/1, mas resguardando também aqueles cuja sentença condenatória sequer foi proferida, a exemplo do ex-mandatário.

Toda essa movimentação tende a produzir mais polarização na corrida do ano que vem, com os competidores posicionados em seus espectros ideológicos – daí que Tarcísio de Freitas (Republicanos) esteja desde já rasgando a sua fantasia de moderado, a mais de um ano do pleito.

Impactos da condenação

Os estilhaços dessa blitzkrieg bolsonarista em Brasília começam a surtir efeito no cenário cearense, com uma ala do PL revendo a possibilidade de adesão a Ciro caso ele se apresente para postular o Abolição. Para esse grupo, interessa em 2026 firmar candidaturas com perfis alinhados com os valores desse campo, do qual o ex-presidenciável pedetista estaria excluído – e, convenhamos, contrariamente ao governador de São Paulo, que já deflagrou a sua "metamorfose", Ciro não tem se empenhado tanto assim em capturar a simpatia da direita.

A bem da verdade, tem se conduzido no sentido oposto, ou seja, sem calibrar o discurso no qual desfere críticas tanto ao presidente Lula quanto ao ex-chefe da nação. Essa ambivalência do ex-ministro, conforme interlocutores no PL, torna mais complexa a sua aclimatação como representante das forças oposicionistas a Elmano, mesmo que, fora do binômio Ciro/RC, não haja tantas opções assim – uma delas seria a vereadora Priscila Costa.

Priscila Costa(Foto: Divulgação)
Foto: Divulgação Priscila Costa

A solução "caseira" no PL

Embora venha sendo testada noutros cenários em pesquisas recentes na Capital, Priscila atende a alguns critérios pré-estabelecidos para escolha de candidato do PL a fim de enfrentar um nome do PT na queda de braço pelo Governo: é jovem, bolsonarista-raiz, fiel ao grupo do deputado federal e dirigente André Fernandes, evangélica, com baixa rejeição e capital ascendente nas sondagens para o Senado – há quem considere sua eleição para a Câmara Alta como mais certa do que a do deputado Alcides Fernandes (PL).

Vereadora mais votada em 2024, Priscila também dispensaria a legenda de ir ao mercado para definição de um "player" para 2026. Dentro do conservadorismo, então, a aposta que vai ganhando contornos é a de que a parlamentar teria potencial para reeditar no plano estadual o fenômeno de Fernandes.

Entre Lia e Cid

As declarações da deputada licenciada e secretária estadual Lia Gomes (PSB) foram lidas com reserva no entorno do governador Elmano de Freitas. Para uns, trata-se de sinal dúbio esse modo pelo qual a Ferreira Gomes se referiu ao irmão Ciro, cotado para o Abolição – houve quem enxergasse traços de entusiasmo na pessebista ante a chance de o mais velho dos FG concorrer.

No Governo, contudo, o teor da manifestação foi considerado normal, dado o envolvimento emocional de Lia com Ciro. À coluna, liderança palaciana assinalou que o importante foi que Lia reafirmou comprometimento com o projeto de reeleição do petista, tal como já fizera Cid Gomes.

Foto do Henrique Araújo

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