Voto de Fux dá verniz jurídico à retórica do bolsonarismo
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Henrique Araújo é jornalista e doutorando em Sociologia pela Universidade Federal do Ceará (UFC), com mestrado em Sociologia (UFC) e em Literatura Comparada (UFC). Cronista do O POVO, escreve às quartas-feiras no jornal. Foi editor-chefe de Cultura, editor-adjunto de Cidades, editor-adjunto de Política e repórter especial. Mantém uma coluna sobre bastidores da política publicada às segundas, quintas e sextas-feiras.
Voto de Fux dá verniz jurídico à retórica do bolsonarismo
Para chegar a esse resultado, Fux percorreu caminho contrário ao de Alexandre de Moraes
Foto: Gustavo Moreno/STF
Ministro Fux foi o terceiro a votar no STF
O ministro Luiz Fux cumpriu uma função importante para o bolsonarismo no STF: deu verniz jurídico às teses disparatadas do ex-presidente.
Da comparação do 8 de janeiro de 2023 com manifestações de esquerda na Praça dos Três Poderes (ressuscitando inclusive os “black blocs” das jornadas de junho), o magistrado consumiu mais de 10 horas na leitura de um voto para, ao final, concluir que o auxiliar Mauro Cid merecia condenação, mas não o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), seu superior hierárquico.
Na cabeça (capilarmente bem guarnecida) do juiz da Primeira Turma, o 8/1 não passou de cogitação, sem nexo com as reuniões de Bolsonaro com a cúpula militar depois da derrota nas urnas em 2022.
Mesmo as blitze da PRF em rodovias de estados do Nordeste no 2º turno da disputa eleitoral não guardam qualquer relação com um plano para evitar a vitória do adversário.
Para chegar a esse resultado, Fux percorreu caminho contrário ao de Alexandre de Moraes. Se o relator aglutinou fatos, pondo-os em perspectiva e ordem cronológica para vê-los melhor como um painel de atos executórios de teor golpista, Fux isolou e fragmentou tudo, argumentando que nada se passou entre 2021 e 2023 além de bravata e de conversa fiada.
Daí que o entorno do ex-presidente tenha comemorado como um gol as teses “fuxianas”, que caíram como uma luva para a ofensiva que se seguirá ao dia da condenação.
Porque não há dúvida de que Bolsonaro será condenado ao fim e ao cabo.
O ponto é que Fux produziu um voto sob medida, customizado para municiar a defesa do ex-mandatário e sem coerência sequer com a jurisprudência pessoal extraída do histórico de manifestações do ministro, que se mostrou inflexível com as “velhinhas de bíblia” na mão, todas condenadas com a sua ajuda, mas foi complacente com o “cavalão” que se beneficiaria se o "Punhal Verde e Amarelo" tivesse logrado êxito.
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