Henrique Araújo é jornalista e doutorando em Sociologia pela Universidade Federal do Ceará (UFC), com mestrado em Sociologia (UFC) e em Literatura Comparada (UFC). Cronista do O POVO, escreve às quartas-feiras no jornal. Foi editor-chefe de Cultura, editor-adjunto de Cidades, editor-adjunto de Política e repórter especial. Mantém uma coluna sobre bastidores da política publicada às segundas, quintas e sextas-feiras.
Os erros e acertos no cenário que coloca Ciro Gomes como candidato da oposição ao governo do Ceará em 2026
Foto: Daniel Galber/Especial para O POVO
CIRO Gomes entre deputados de oposição na Assembleia Legislativa do Ceará
Embora sequer tenha sinalizado publicamente que pretende deixar o PDT, tampouco que concorrerá a qualquer coisa ano que vem, o ex-presidenciável Ciro Gomes já tem a adesão tácita do PL e explícita do PSDB para o Abolição - a se fiar no que vem dizendo o presidente estadual tucano, que se divide entre comandar o partido social-democrata no Ceará e elogiar efusivamente quadros da gestão Elmano de Freitas (PT).
Como tudo é hipótese, mas hipótese bem fundamentada, vale projetar que, pelo andar da carruagem, uma chapa encabeçada por Ciro ao Governo seria inegavelmente competitiva em 2026, com chances de forçar um 2º turno e, como ponderou a secretária estadual Lia Gomes (PSB), criar dificuldades para o gestor petista. Esse é o copo meio cheio para Ciro e a oposição. O meio vazio é que, se a intenção é se viabilizar como quadro de um campo no qual se reorganizam forças de centro e de direita de olho no pleito, o pedetista não largou bem. Por dois motivos.
Erros e acertos
Um deles foi a inabilidade para relevar interesses de um potencial aliado local, o bolsonarismo, malhando Jair Bolsonaro e Lula na mesma proporção, o que pode, no limite, dificultar uma composição; a outra razão é essa série de reiteradas críticas mais ásperas e acusações sem prova (por ora, pelo menos) à prefeita e ex-senadora Janaína Farias (PT), endereço das investidas de Ciro até aqui, quando se sabe que seu alvo prioritário é o ministro Camilo Santana.
Logo, se não pretende postular o Executivo na briga pelo voto, o pedetista está como sempre esteve no tabuleiro: na função de franco-atirador. Mas, se os planos são apresentá-lo de fato como representante do condomínio anti-PT, essa precoce exposição negativa a pouco mais de um ano da corrida não deve ajudá-lo na tarefa de derrotar seus inimigos políticos - que não poucos nem fracos, pelo contrário, a máquina governista opera sem parar para reduzir as chances de o polo opositor se cacifar.
Girão candidato?
O senador Eduardo Girão (Novo) prepara o lançamento de sua pré-candidatura ao Governo do Estado. A intenção do partido é colocá-lo no jogo em novembro, apresentando-o como alternativa conservadora para o enfrentamento com o petismo no Ceará.
Interlocutores do parlamentar têm resistido a esse cenário no qual a oposição estaria vocalizada na campanha por um nome como o ex-prefeito Roberto Cláudio, em vias de se filiar ao União Brasil, ou mesmo Ciro, ambos parte do projeto de Camilo e Elmano até 2022.
Para esse grupo, a condenação de Bolsonaro no Supremo só reforça a necessidade de uma chapa que "incorpore os valores de uma direita-raiz". No mesmo ato do Novo, a sigla estuda projetar General Theophilo, candidato ao Abolição em 2018 pelo PSDB, como concorrente a uma vaga no Senado Federal.
Ainda Rueda
A rumorosa passagem de Antonio Rueda por Fortaleza no fim de semana produziu mais foguetório do que ação efetiva. Dele se esperava, por exemplo, que anunciasse data de filiação de Roberto Cláudio e indicasse quem deve comandar a federação União Progressista no Estado, mas o presidente do UB correu léguas de algo nesse sentido.
Para piorar, atravessou a rua para escorregar numa casca de banana deixada pelo governismo, que emplacou uma foto do dirigente com o secretário Chagas Vieira antes mesmo de qualquer registro de imagem de Rueda com a oposição.
Resumo da ópera: como chefe de uma legenda dividida, é natural que ele queira colocar panos quentes na cisão da federação no Estado - mas a situação é insustentável e, no caso do Ceará, requeria postura menos ambígua do líder nacional do União num momento de definição de posições.
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