Henrique Araújo é jornalista e doutorando em Sociologia pela Universidade Federal do Ceará (UFC), com mestrado em Sociologia (UFC) e em Literatura Comparada (UFC). Cronista do O POVO, escreve às quartas-feiras no jornal. Foi editor-chefe de Cultura, editor-adjunto de Cidades, editor-adjunto de Política e repórter especial. Mantém uma coluna sobre bastidores da política publicada às segundas, quintas e sextas-feiras.
Personagem central da festa, Tasso juntou os irmãos, ainda rompidos desde 2022, para uma fotografia cuja leitura vai além do momento mais imediato
Foto: Divulgação / assessoria
Ciro, Tasso e Cid Gomes se encontraram ontem durante evento em Fortaleza
O ex-senador Tasso Jereissati (PSDB) foi pivô ontem da costura de uma imagem com peso político considerável.
Nela, o tucano está lado a lado com o ex-presidenciável Ciro Gomes (PDT) e o senador Cid Gomes (PSB), ambos presentes à cerimônia de entrega do troféu Sereia de Ouro, com o qual o empresário e ex-governador seria homenageado.
Personagem central da festa, Tasso juntou os irmãos, ainda rompidos desde 2022, para uma fotografia cuja leitura vai além do momento mais imediato, desdobrando-se para 2026.
O momento capturado é o primeiro de um encontro público entre Ciro e Cid, que, embora tenham reduzido o grau de animosidade entre si, ainda se tratam como apoiadores engajados em campos opostos.
Enquanto Ciro deve se filiar ao PSDB para se apresentar como candidato ao Governo do Estado, Cid firmou adesão a uma reeleição de Elmano de Freitas (PT) ano que vem.
Por ora, então, eles seguem em polos diferentes no tabuleiro eleitoral cearense.
Mas as distâncias entre os dois Ferreira Gomes vêm se reduzindo. O instante retratando o trio de ex-governadores, com Tasso no meio sendo ladeado por eles, é prova disso.
Algum tempo atrás, um encontro dessa natureza seria impensável. Agora, com a pressão da oposição para que Ciro entre na briga pelo Abolição, e com Cid mandando recados de que não concorda com as atitudes governistas que tentam conter a expansão do PSB sob a batuta do senador, essa fotografia pode ter muitos significados.
Um deles, naturalmente, sugere construção de entendimento no seio familiar dos FG, o que não necessariamente resultaria em acordo político.
Outro é de que, para além da pacificação das relações entre os irmãos, essa proximidade gradativa entre Cid e Ciro pode, a depender das circunstancias e do desenho das forças em 2026, desaguar numa recomposição partidária.
Dias atrás, em entrevista a uma emissora do interior do Estado, Cid cobriu Ciro de elogios e arrematou dizendo que “reza a Deus” para que ele não seja candidato ao Governo.
Ciro, por seu turno, ainda que se mantenha cauteloso sobre a hipótese de postular o Executivo local, já descartou disputar novamente a Presidência contra Lula (PT).
Logo, o que se vê num flagrante do tipo pode perfeitamente ser apenas o registro de um momento casual mediado por uma figura de relevância no cenário cearense.
Mas, a se considerar os personagens envolvidos na trama e o papel que cada um deve ter em 2026, pode ser que haja outra coisa em curso também.
Política como cenário. Políticos como personagens. Jornalismo como palco. Na minha coluna tudo isso está em movimento. Acesse minha página
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