Henrique Araújo é jornalista e doutorando em Sociologia pela Universidade Federal do Ceará (UFC), com mestrado em Sociologia (UFC) e em Literatura Comparada (UFC). Cronista do O POVO, escreve às quartas-feiras no jornal. Foi editor-chefe de Cultura, editor-adjunto de Cidades, editor-adjunto de Política e repórter especial. Mantém uma coluna sobre bastidores da política publicada às segundas, quintas e sextas-feiras.
Foto: Reprodução/Redes Sociais
Braguinha (PSB) perdeu o mandato de prefeito de Santa Quitéria por suspeita de elo com facção
Previstas para 26 de outubro, ou seja, daqui a menos de um mês, as eleições suplementares de Santa Quitéria (222 km de Fortaleza) são as mais importantes do Ceará desde 2022, por razões que estão por trás do avanço das facções criminosas no Estado, a exemplo do que se viu recentemente com o assassinato de dois estudantes em uma escola de Sobral. De olho no risco que o crime representa também para o processo eleitoral, a bancada do Ceará na Câmara pediu intervenção da Força Nacional no município cearense. A justificativa é evitar que o banditismo influencie a escolha do voto, razão pela qual o agora ex-prefeito José Braga Barrozo, o Braguinha (PSB), foi cassado. Mas aí o quadro se complexifica na cidade, hoje sob comando interino do vereador licenciado Joel Madeira Barrozo (PSB), filho de Braguinha e postulante à reeleição. Do lado da oposição, há duas candidaturas, uma das quais da base do governador Elmano de Freitas (PT): a da petista Lígia Protásio, ex-vice-prefeita. A outra é a de Cândida Figueiredo (União Brasil), casada com Tomás Figueiredo (MDB), ex-candidato no ano passado, quando terminou o pleito em segundo lugar.
Braguinha "reloaded"
A rigor, então, Joel é a continuidade do pai, preso sob acusação de abuso de poder político e econômico. Lígia e Cândida representam o campo adversário. Trata-se de uma disputa doméstica no âmbito do governismo, com um nome do PT (com adesão acanhada do partido), um do PSB (chancelado por Cid Gomes e Júnior Mano) e um do União correndo por fora (mas sob influência do deputado federal Moses Rodrigues, por sua vez interessado numa cadeira para o Senado). Logo, se o Abolição de fato tivesse interesse em desbancar o candidato de Braguinha, bastaria costurar um acerto entre as chapas de Lígia e Cândida. Em tese, seria uma operação relativamente fácil, mas não foi o que se viu. Por quê? Arrisco um palpite: no fundo, a eleição de Santa Quitéria é um constrangimento tanto por se dar em circunstâncias embaraçosas, a ponto de dificultar que Elmano manifeste apoio, quanto porque estão em jogo problemas maiores (tal como as redes criminosas).
TASSO com os Ferreira Gomes: fotografia que vai além do momento imediato
Crédito: Divulgação/ Time Ciro Gomes
Ciro, Cid e Tasso
O ex-senador Tasso Jereissati (PSDB) foi pivô de uma imagem com peso político considerável. Nela, o tucano está lado a lado com o ex-presidenciável Ciro Gomes (PDT) e o irmão Cid, ambos presentes à cerimônia de entrega de uma comenda com a qual o empresário seria homenageado na sexta, 26. Personagem central da festa, Tasso juntou os Ferreira Gomes, rompidos desde 2022, para uma fotografia cuja leitura vai além do momento imediato, respingando em 2026. O registro é o primeiro de um encontro público entre Ciro e Cid, que, embora tenham reduzido o grau de animosidade entre si, ainda se tratam como apoiadores engajados em campos opostos. Enquanto Ciro, cotado ao Governo, deve se filiar ao PSDB, Cid firmou adesão à reeleição de Elmano.
Saia-justa em Crateús?
Um interlocutor fez saber à coluna que o mesmo Cid passou por Crateús no fim de semana, mas evitou contato com a prefeita Janaína Farias (PT), que acionou Ciro na Justiça pelos ataques que o pedetista acumula contra a petista. Uma vez na cidade, o senador teria se mantido no aeroporto, recusando-se a ter qualquer tratativa com a gestora e ex-suplente de senadora do hoje ministro Camilo Santana (Educação). Narrado com ênfase variada por gente mais próxima de Cid, o episódio sugere que o senador trabalha para não azedar uma tentativa de reaproximação com Ciro, da qual a própria foto do flagrante num evento social é prova – se isso deve evoluir para uma recomposição também política entre os irmãos, já são outros quinhentos.
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