Henrique Araújo é jornalista e doutorando em Sociologia pela Universidade Federal do Ceará (UFC), com mestrado em Sociologia (UFC) e em Literatura Comparada (UFC). Cronista do O POVO, escreve às quartas-feiras no jornal. Foi editor-chefe de Cultura, editor-adjunto de Cidades, editor-adjunto de Política e repórter especial. Mantém uma coluna sobre bastidores da política publicada às segundas, quintas e sextas-feiras.
Cid escalou aliados para secundar Joel Barroso no dia da votação, enquanto a concorrente petista visitou sozinha os colégios eleitorais, numa mostra de que seu revés se deu também por negligência do PT local
Foto: FCO FONTENELE
FORTE esquema de segurança para garantir, neste domingo, a nova eleição para escolha dos novos dirigentes do município de Santa Quitéria
Ao lado de Júnior Mano (PSB), Cid escalou aliados, a exemplo dos deputados Jeová Mota e Robério Monteiro, para secundar Joel no dia da votação, enquanto a concorrente petista visitou sozinha os colégios eleitorais da cidade, numa mostra de que seu revés se deu também por negligência do PT local, cujo diretório liberou os vereadores para votarem a seu gosto.
Como agravante, não se viu nenhuma liderança de peso da legenda do governador Elmano de Freitas ontem na região. O resultado, então, não poderia ter sido outro: vitória do bloco sob comando de Cid, que sai do pleito suplementar com capital ampliado para 2026, assegurando base capilarizada no Interior e pavimentando o caminho para fazer do PSB uma força ainda mais robusta.
Afinal, o êxito no município era questão de honra para o senador, que pôs de lado a gravidade da investigação que recaiu sobre Braguinha antes de abraçar o chefe interino.
Foto: FCO FONTENELE
SANTA QUITÉRIA-CE, BRASIL, 26-10-2025: Nova eleição para Prefeito e Vice Prefeito na cidade de Santa Quitéria no interior do Ceará. (foto: Fco Fontenele/O Povo)
Uma eleição do medo?
O pleito de Santa Quitéria foi atípico não apenas por se tratar de eleição suplementar, mas por causa da presença de mais de 500 policiais de forças diversas: PM, Exército (contingentes de Crateús e Fortaleza), PF, Bombeiros, Polícia Judicial do TRE-CE e integrantes da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), que se deslocavam à paisana, conforme apuração do O POVO.
Esse aparato ostensivo se distribuiu entre seções, esquinas e praças, além de pontos de grande fluxo - são 42 mil habitantes e pouco mais de 30 mil votantes. Um caminhão do Batalhão de Choque da PM se manteve o tempo inteiro estacionado na rotatória que dava acesso a um dos principais locais de votação da cidade, no bairro de Pereiros, área sob domínio de facções. Lá, um destacamento fez campana na frente da Escola Deputado Chico Figueiredo, onde se concentrou o maior número de eleitores.
No distrito
Longe dali, a quase uma hora de carro da sede, no distrito de Lisieux (o maior de Santa Quitéria), onde o prefeito eleito Joel Barroso votou por volta das 12h30, havia uma guarnição do Exército à sombra da igrejinha matriz, enraizada no miolo da praça da localidade.
Eram cinco soldados recostados contra o muro do templo, que depois foram substituídos por outros cinco na hora da troca de guarda, quando um veículo camuflado manobrou no entorno. A cada meia dúzia de quarteirões, fardados de verde-oliva se protegiam do sol sob a copa de árvores magras - a temperatura chegou a marcar 37 graus Celsius perto do meio-dia, castigando civis e militares.
Cidade sitiada
Essa supervigilância talvez tenha surtido efeito contrário ao pretendido pelo esquema de segurança, no entanto. Ao O POVO, um eleitor avaliou que muita gente que ele conhecia havia deixado de votar nesse domingo porque estava com medo de ter a moto apreendida pelas polícias, uma vez que, nas cidades pequenas, condutores costumam trafegar sem carteira de motorista.
Para ele, esse elemento pode ter inibido o eleitorado na hora de comparecer aos espaços de votação. Outro fator relevante foi o receio de carregar símbolos dos candidatos pelas ruas, tais como camisas e adesivos. De fato, entre os eleitores que circulavam pelas ruas, poucos se permitiram exibir adereços ou outros itens que os identificassem com seus nomes escolhidos para a Prefeitura.
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