Elmano adota lema de que "bandido bom é bandido morto"
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Henrique Araújo é jornalista e doutorando em Sociologia pela Universidade Federal do Ceará (UFC), com mestrado em Sociologia (UFC) e em Literatura Comparada (UFC). Cronista do O POVO, escreve às quartas-feiras no jornal. Foi editor-chefe de Cultura, editor-adjunto de Cidades, editor-adjunto de Política e repórter especial. Mantém uma coluna sobre bastidores da política publicada às segundas, quintas e sextas-feiras.
Elmano adota lema de que "bandido bom é bandido morto"
A mensagem do petista tem alvo certo: o também governador Cláudio Castro (PL), cujas polícias foram responsáveis por uma investida contra facções que deixou mais de 100 mortos no Rio de Janeiro
Foto: DANIEL GALBER/ESPECIAL PARA O POVO
Governador Elmano de Freitas, do PT
O governador Elmano de Freitas (PT) passou a adotar com mais frequência um refrão da direita na área da segurança pública, qual seja, aquele segundo o qual “bandido bom é bandido morto”.
Pelas redes sociais logo depois de uma operação da PM cearense que resultou na morte de sete pessoas ligadas a facção criminosa, o chefe do Abolição escreveu: “Nenhum policial morto. Nenhum inocente alvejado. A população protegida”.
Elmano complementou: “Parabéns à nossa Polícia Militar do Ceará!”.
A mensagem do petista tem alvo certo: o também governador Cláudio Castro (PL), cujas polícias foram responsáveis por uma investida contra facções que deixou mais de 100 mortos no Rio de Janeiro na terça, 28, entre os quais quatro policiais – dois civis e dois militares.
A megaoperação sob comando de Castro, no entanto, foi classificada como “cruenta” e “massacre” por gente do governo, a exemplo do ministro Ricardo Lewandowski, da Justiça, que estava em Fortaleza quando a crise estourou.
Parlamentares do PT atacaram duramente a iniciativa. Na Assembleia Legislativa, houve quem condenasse pedido de aplausos solicitado pelo deputado federal André Fernandes, do PL.
Também pelas redes, no entanto, o chefe do Governo do Rio aplaudiu Elmano pela ação contra os bandidos: "Parabenizo os policiais do Ceará e o governador Elmano de Freitas (PT) pela coragem e determinação no enfrentamento ao crime organizado".
Para Castro, “o episódio mostra, mais uma vez, que essa é uma guerra que não tem fronteiras e exige união entre os estados”.
Mais que isso: as mortes no Ceará e no Rio sugerem que há uma convergência no discurso da esquerda e da direita no que diz respeito aos modos de enfrentamento à criminalidade, predominando essa retórica de endurecimento que está no centro do vocabulário do bolsonarismo.
A rigor, não existe diferença significativa entre duas situações cuja consequência direta foi o morticínio: lá, de mais de uma centena, e aqui, de sete membros de um grupo criminoso.
Pode-se evidentemente alegar que no Rio a ação foi resultado de planeamento e ampla investigação, isto é, trata-se de uma escolha tática do setor de inteligência e do governo, levada a cabo considerando-se os riscos embutidos.
Já no caso do Ceará, as vítimas foram abatidas numa resposta pontual da polícia, que teria sido acionada por moradores e, uma vez no local, aparentemente na zona rural, foi recebida por disparos de fuzil por parte dos faccionados.
Ressalvadas as nuances de um episódio e outro, porém, a reação pública dos dois governos, um de direita e outro de esquerda (PL x PT), foi substancialmente a mesma, o que deve criar algum embaraço para quem pretenda criticar o massacre patrocinado pela gestão de Castro no Rio, mas ignorar a reação da PM sob o governo de Elmano.
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