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Movimento decisivo da oposição
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Henrique Araújo é jornalista e doutorando em Sociologia pela Universidade Federal do Ceará (UFC), com mestrado em Sociologia (UFC) e em Literatura Comparada (UFC). Cronista do O POVO, escreve às quartas-feiras no jornal. Foi editor-chefe de Cultura, editor-adjunto de Cidades, editor-adjunto de Política e repórter especial. Mantém uma coluna sobre bastidores da política publicada às segundas, quintas e sextas-feiras.

Movimento decisivo da oposição

A assinatura de RC da ficha de entrada no União Brasil abre uma nova etapa no horizonte político do grupo de oposição
Tipo Opinião
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Filiação de Roberto Cláudio ao União Brasil em Brasília (Foto: João Paulo Biage/O POVO)
Foto: João Paulo Biage/O POVO Filiação de Roberto Cláudio ao União Brasil em Brasília

A filiação do ex-prefeito Roberto Cláudio ao União Brasil consolida um derradeiro movimento da oposição ao governador Elmano de Freitas (PT) para 2026. A incerteza em relação ao futuro partidário do ex-pedetista era questão incômoda para o bloco, sobretudo depois do vaivém de datas, que chegaram a ser anunciadas três ou quatro vezes, e também por causa do acirramento dentro do UB, com as alas governista e opositora em franca colisão.

A assinatura de RC da ficha de entrada no partido, então, abre uma nova etapa no horizonte político desse grupo, do qual fazem parte Ciro Gomes, recém-chegado ao PSDB, além de Capitão Wagner (União) e André Fernandes (PL). Nela, importa evitar a dissipação de energia, como no caso da pretensão de Eduardo Girão (Novo) de postular o Governo ou da disputa em torno das vagas para o Senado. O foco, conforme interlocutor, é fazer um enfrentamento interno ante essa investida do Abolição com a finalidade de desestruturar o União, tal como já fez com o PSDB em 2022, quando o dirigente à época (Chiquinho Feitosa, hoje no Republicanos) tentou arrastar o tucanato para a base de Camilo Santana. Dá-se o mesmo com o UB de Wagner e RC. O ingresso do ex-chefe do Paço pode dar tração para essa banda anti-PT da legenda, contornando sangria de prefeituras - Maracanaú e Sobral.

Desunir o União

A tarefa não é simples. Veja-se a estratégia da articulação do governador, por exemplo, que ataca nos dois municípios mais importantes para o campo adversário. O prefeito de Maracanaú, Roberto Pessoa (União), vem sendo pressionado a exonerar a secretária de Saúde da cidade, Vanderlange de Sousa Gomes, irmã de Capitão Wagner. Titular da pasta, ela assumiu a função quando o dirigente do UB deixou a gestão de Pessoa, em março de 2024, para brigar novamente pela Prefeitura de Fortaleza. A demissão da auxiliar, na hipótese de se confirmar, seria resultado de um alinhamento de RP com Elmano, que já tem apoio declarado da deputada federal Fernanda Pessoa (União), filha do político que toca o Executivo de Maracanaú. O petista ganhou ainda elogio recente de outro deputado do UB - Moses Rodrigues, filho do prefeito de Sobral, Oscar Rodrigues (União), confirmou defesa da recondução do gestor em 2026, a despeito da posição oficial da agremiação.

As mensagens de Ciro

Agora no PSDB e cotado para o Governo ano que vem, o ex-ministro Ciro Gomes tem feito intensivão sobre o tema da segurança pública, inclusive com acesso a consultoria e especialistas de fora do Brasil. Das duas, uma: ou o tucano está se municiando para a corrida presidencial ou se prepara para enfrentar o assunto no pleito local, já que o tópico tem sido mobilizado em todas as esferas. Um dos presentes ao ato de filiação de Roberto Cláudio em Brasília ontem, Ciro tratou de explorar a questão, sensível para muitos governos.

Manobra contra CPI

A base do governador Elmano na Assembleia Legislativa já se antecipa para dificultar eventual abertura de CPI do crime organizado na Casa. À coluna, uma fonte relatou que uma das movimentações já em curso prevê alteração no regimento interno da Alece. Pelas normas do parlamento, a criação de CPI depende de requerimento assinado por pelo menos 12 deputados. A intenção do governismo é elevar esse quórum mínimo, passando para 16 assinaturas. O cálculo leva em conta que, pela distribuição das forças hoje, a oposição dificilmente conseguiria reunir 16 apoios na Alece para pressionar pela abertura de CPI. Já 12 adesões, no entanto, seria número mais fácil de ser atingido, dependendo, claro, das costuras entre os mandatários.

 

Foto do Henrique Araújo

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