Henrique Araújo é jornalista e doutorando em Sociologia pela Universidade Federal do Ceará (UFC), com mestrado em Sociologia (UFC) e em Literatura Comparada (UFC). Cronista do O POVO, escreve às quartas-feiras no jornal. Foi editor-chefe de Cultura, editor-adjunto de Cidades, editor-adjunto de Política e repórter especial. Mantém uma coluna sobre bastidores da política publicada às segundas, quintas e sextas-feiras.
Com o ingresso de Roberto Cláudio no União Brasil e de Ciro Gomes no PSDB, o bloco de oposição começou a esboçar o que para esse grupo seria uma chapa ideal em 2026
Foto: AURÉLIO ALVES
Evandro Leitão: perspectiva de aumento de passagem de transporte coletivo neste ano
Passada a etapa de indefinição quanto a filiações, com o ingresso de Roberto Cláudio no União Brasil e de Ciro Gomes no PSDB, o bloco de oposição começou a esboçar o que para esse grupo seria uma chapa ideal em 2026. Entre adversários do Abolição, o ex-presidenciável hoje seria o nome mais indicado, a despeito do mau resultado na corrida de 2022 e da derrota de José Sarto (PSDB) na tentativa de se reeleger em 2024. O primeiro motivo para tanto otimismo: Ciro é mais conhecido no interior do estado do que qualquer outro quadro das forças anti-PT no atual cenário; o segundo: o tucano, na condição de ex-aliado do ministro Camilo Santana (PT) e do governador Elmano de Freitas (a quem apoiou para a Prefeitura de Caucaia em 2020), teria mais munição contra o governismo. Caso o ex-ministro se apresente como concorrente ao Executivo estadual, RC se mostraria, conforme aliados, um forte candidato a vice-governador, também por duas razões: a primeira é que o ex-prefeito reúne experiência administrativa e política; outra é que, na hipótese de vitória da oposição, seria um postulante para 2030, liberando Ciro novamente para pensar no âmbito nacional num horizonte pós-Lula. E há ainda justificativas de curto prazo, tal como relatou à coluna uma liderança para quem uma chapa com Ciro na cabeça e RC de vice "seria imbatível". A ver.
Briga majoritária
No Senado, porém, o buraco é mais embaixo. Embora o deputado estadual Alcides Fernandes (PL) seja favorito para postular uma cadeira na Câmara Alta, a vereadora Priscila Costa (PL) ganhou tração nessa queda de braço, com uma articulação direta com a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro e simpatia (genuína ou forçada) de Valdemar da Costa Neto, dirigente nacional da agremiação. Escolhido um dos dois, todavia, a segunda vaga ficará à espera de um ocupante de legenda até de fora do bloco opositor neste momento, a exemplo do PSD de Domingos Filho, titular da Secretaria do Desenvolvimento Econômico (SDE). Se isso não for possível, uma alternativa é convencer o senador Eduardo Girão (Novo) a buscar recondução parlamentar.
Evandro pulando a catraca
Acendeu a luz amarela na gestão de Evandro Leitão (PT) à frente da Prefeitura de Fortaleza a perspectiva cada vez mais concreta de aumento de passagem de transporte coletivo neste ano. Como se sabe, o Sindiônibus tem sinalizado que, mesmo depois de aportes de recursos e rodadas de negociação com governo e administração municipal, as contas não estão fechando, isto é, não é viável manter o bilhete no patamar de hoje (R$ 4,50). Dentro do Paço, a intenção, no entanto, é evitar a majoração da passagem, sobretudo em ano eleitoral - mas, se tiver de haver elevação realmente, que seja em 2025, de modo a contornar a possibilidade de começar janeiro ou fevereiro com uma notícia amarga para Fortaleza.
Chiquinho no volante?
Nos bastidores, há uma variável eleitoral nesse impasse sobre aumento de passagem: Chiquinho Feitosa (Republicanos), empresário do setor rodoviário, tem repetido a quem lhe pergunte que não mistura política com negócios, frase com a qual se saiu quando foi procurado por emissários palacianos à época do cabo de guerra entre prefeitura e sindicato quanto ao recolhimento da frota e à redução de linhas na cidade. A própria declaração, contudo, vem sendo lida como uma maneira de o dirigente fazer saber ao arco de aliados que não está tão satisfeito com o seu quinhão na chapa para o ano que vem. Para alguns governistas, a pressão que o Sindiônibus exerce sobre Evandro e o Governo do Estado para recompor os custos com a operação na capital cearense teria a digital de Chiquinho - cujo partido pode estar alinhado com a oposição.
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