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O desafio da segurança
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Henrique Araújo é jornalista e doutorando em Sociologia pela Universidade Federal do Ceará (UFC), com mestrado em Sociologia (UFC) e em Literatura Comparada (UFC). Cronista do O POVO, escreve às quartas-feiras no jornal. Foi editor-chefe de Cultura, editor-adjunto de Cidades, editor-adjunto de Política e repórter especial. Mantém uma coluna sobre bastidores da política publicada às segundas, quintas e sextas-feiras.

O desafio da segurança

Para Elmano, por razões óbvias, a segurança é tema desafiador por uma série de motivos, entre os quais o peso de uma fatura legada pelos últimos governos e que agora recai exclusivamente sobre os seus ombros
Tipo Opinião
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LEWANDOWSKI em Fortaleza: prognóstico não confirmado (Foto: FERNANDA BARROS)
Foto: FERNANDA BARROS LEWANDOWSKI em Fortaleza: prognóstico não confirmado

O mês de outubro tem simbolismo especial para o governo de Elmano de Freitas (PT), e não apenas porque foi o mais violento desde o início do ano no Ceará, com mais de 280 homicídios, superando agosto, até então detentor da marca negativa. Nele, o ministro Ricardo Lewandowski (Justiça e Segurança) cumpriu agenda no estado, de onde concedeu as primeiras entrevistas sobre a megaoperação policial no Rio de Janeiro, classificando-a como "cruenta" - a ação resultou em 121 mortos. De passagem, o ex-magistrado do STF também avaliou que a gestão petista era exemplar no quesito segurança, sendo vitrine para outras administrações. Isso foi antes de a SSPDS divulgar os números de assassinatos do período, que ainda representou aumento no contingente de vítimas por intervenção policial. Trata-se de uma coincidência infeliz - para dizer o mínimo - o fato de que o chefe da pasta do governo Lula haja feito um prognóstico do cenário que logo depois seria desmentido pela realidade local, que é tão "cruenta" no Rio quanto em terras cearenses.

O preço da fatura

Para Elmano, por razões óbvias, a segurança é tema desafiador por uma série de motivos, entre os quais o peso de uma fatura legada pelos últimos governos e que agora recai exclusivamente sobre os seus ombros, sem que nenhum deles se manifeste ou reivindique parte da responsabilidade. A sensação mais ou menos instalada de que a resposta do Estado é sobretudo insuficiente, então, deriva de um acúmulo de insatisfação que foi marinada nas gestões de aliados antes do atual mandatário, mas que deságua neste momento com mais força do que antes em virtude do desgaste de material da grande aliança e de um quadro conjuntural menos favorável a que essa demanda da população passe em brancas nuvens, como revelam as pesquisas de opinião.

Receio eleitoral

À coluna, membros da base governista já admitem que esse assunto deverá se constituir como eixo norteador da disputa eleitoral do ano que vem, embora publicamente sigam negando que a campanha se esgote numa plataforma monotemática, como deseja a oposição ao governador. É possível que ambas as posições estejam corretas, no entanto. Afinal, a centralidade da segurança como tópico da corrida não exclui a possibilidade de que aspectos costumeiramente importantes da administração e da vida pública (emprego, educação e saúde) se mostrem igualmente capazes de fisgar a atenção do eleitorado quando a hora de escolher o candidato de fato começar. O triste episódio do incêndio no Hospital César Cals confirma que há problemas de relevo para serem discutidos no estado para além das querelas sobre segurança, por mais atenção que essa área sempre requeira de todos.

Os federais do PT

Há uma apreensão dentro do PT no que diz respeito à nominata de candidatos e candidatas a deputado(a) federal em 2026. A preocupação é de que a legenda apresente muito mais candidatos do que seu potencial de votos permitiria, isto é, que a cúpula petista autorize uma peleja fratricida para a formação da bancada. A preço de hoje, estão cotados para concorrer a mandato na Câmara dos Deputados Fernando Santana e Luísa Cela, para ficar apenas em dois nomes mais competitivos, além dos parlamentares que devem tentar a reeleição, como é o caso de Luizianne Lins, Zé Airton Cirilo e José Guimarães - isso na hipótese de sua pretensão de postular cadeira no Senado não prosperar. Internamente, contudo, sabe-se que o PT no máximo estima eleger cinco ou seis federais, o que já seria bastante coisa para um arco aliancista tão vasto e com Cid mordendo nos calcanhares dos petistas.

 

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