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Cid Gomes sob pressão dos irmãos
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Henrique Araújo é jornalista e doutorando em Sociologia pela Universidade Federal do Ceará (UFC), com mestrado em Sociologia (UFC) e em Literatura Comparada (UFC). Cronista do O POVO, escreve às quartas-feiras no jornal. Foi editor-chefe de Cultura, editor-adjunto de Cidades, editor-adjunto de Política e repórter especial. Mantém uma coluna sobre bastidores da política publicada às segundas, quintas e sextas-feiras.

Cid Gomes sob pressão dos irmãos

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O senador Cid Gomes (PSB) tem sido pressionado pelos irmãos a se manifestar sobre as costuras do bloco governista em Sobral envolvendo os Rodrigues (o prefeito Oscar e o deputado federal Moses, ambos do União Brasil). Trata-se de questão delicada, política e familiarmente falando, porque conjuga interesses locais e estaduais. Ao "camilismo" interessa ter o apoio (total ou parcial) do União em 2026, quando Elmano de Freitas (PT) deve tentar a reeleição. Embora distante, a possibilidade de atrair a federação para o palanque petista continua no radar do Abolição, que vem acenando com uma vaga para o Senado Federal. Ocorre que essa articulação tem produzido incômodo em parte dos Ferreira Gomes (leia-se, Ivo e Lia Gomes, ele ex-prefeito e ela, secretária do Estado), exatamente porque teria como consequência o fortalecimento do atual gestor de Sobral, que impôs derrota ano passado a Izolda Cela (PSB), escolhida sucessora do clã na cidade. De Cid, então, os dois FG têm exigido uma posição pública para reafirmar que não veem com bons olhos uma composição com seus adversários diretos na briga pelo poder municipal. Mais pragmático, no entanto, Cid observa a paisagem antes de se movimentar.

E se?

No Governo, a captura do União para a base seria comemorada como gol de placa, especialmente depois da entrada em cena de Ciro Gomes (PSDB) - mas, por ora, essa alteração no roteiro existe apenas como futuro alternativo. No dia a dia, a federação está com os dois pés fincados na oposição, a despeito das ofertas do governismo, entre as quais alguma "caneta com tinta" na Assembleia Legislativa (Alece). Se tudo desse certo, porém, como ficaria a outra vaga para a Câmara Alta, já que a primeira estaria ocupada por Moses? Um interlocutor da coluna confidenciou que essa mudança obrigaria a uma reengenharia política que poderia conduzir Cid para a vice-governadoria, com o compromisso de que o Executivo passaria de mãos em 2030. Enredo improvável? Não se se considerar que a intenção de toda essa estratégia seria, claro, desidratar o campo opositor na hipótese de Ciro realmente se prontificar a concorrer.

Papo republicano

O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos), manteve agenda recente com o ministro Camilo Santana, cochichou um aliado com trânsito por Brasília. Na pauta, uma sondagem quanto às chances de o titular do MEC acomodar Chiquinho Feitosa, dirigente do Republicanos no estado, num dos dois assentos para o Senado. Segundo relatos, o ministro e ex-governador teria admitido acerto com Cid para uma das vagas e com mais um nome da base para a outra (fez mistério sobre quem), de modo que seria difícil desfazer agora essas tratativas apalavradas lá atrás a fim de liberar espaço para Chiquinho - salvo alguma hecatombe que justificasse uma recomposição da chapa.

Bebeto: um ano depois

O ex-prefeito do município de Choró, Bebeto Queiroz (PSB), está perto de soprar velinhas desde que se tornou foragido da Justiça cearense, quase um ano atrás. Nesse ínterim, a polícia conseguiu a proeza de prender até um faccionado na Bolívia que tentara escapar pelos telhados, num lance cinematográfico, mas não o pessebista. Enquanto as forças de segurança do estado se encontram às voltas com o mistério sobre o paradeiro de Bebeto, já houve de tudo no Ceará, inclusive eleições suplementares em Santa Quitéria (Joel Barroso, também do PSB, foi escolhido para suceder ao pai, o Braguinha, cassado pelo TRE-CE). Na legenda da qual é filiado, porém, nem sinal de movimentação para expulsá-lo.

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