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Prisão de Bolsonaro impacta eleições no Ceará
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Henrique Araújo é jornalista e doutorando em Sociologia pela Universidade Federal do Ceará (UFC), com mestrado em Sociologia (UFC) e em Literatura Comparada (UFC). Cronista do O POVO, escreve às quartas-feiras no jornal. Foi editor-chefe de Cultura, editor-adjunto de Cidades, editor-adjunto de Política e repórter especial. Mantém uma coluna sobre bastidores da política publicada às segundas, quintas e sextas-feiras.

Prisão de Bolsonaro impacta eleições no Ceará

A aposta natural do bolsonarismo, claro, é fazer da prisão do ex-presidente um tema dominante para as eleições, locais ou presidenciais
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Ex-presidente Jair Bolsonaro, do PL (Foto: Sergio Lima/AFP)
Foto: Sergio Lima/AFP Ex-presidente Jair Bolsonaro, do PL

A prisão preventiva do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) adiciona um elemento significativo às negociações políticas para as eleições no Ceará, sobretudo no campo da direita, no qual ainda há indefinição sobre candidatura.

Caso o episódio resulte em mobilizações de bolsonaristas país afora, como é quase certo que se dê, o cenário para 2026 tenderia a favorecer uma chapa encabeçada por nome mais alinhado com o ex-mandatário da República.

No âmbito cearense, há três nomes postos com mais ênfase para o pleito estadual do ano que vem: Ciro Gomes, do PSDB, Roberto Cláudio, do União, e Eduardo Girão, do Novo.

Do trio, Girão seria aquele cujo ideário se aproxima de fato da agenda bolsonarista, embora o senador negue convergência com esse bloco e sempre tenha se apresentado como um político "independente”, seja lá o que isso queira dizer.

Trocando em miúdos, se a prisão de Bolsonaro tiver octanagem para pautar as articulações para escolha de candidatos ao Governo do Estado, perfis como os de RC e Ciro partiriam em desvantagem, seja pela trajetória de ambos, seja porque os bolsonaristas devem passar a exigir apoio explícito ao ex-presidente e condenação de sua prisão, vista como arbitrária por esse grupo.

Esse tipo de postura já foi visto, por exemplo, quando das manifestações das quais o governador de São Paulo Tarcísio de Freitas participou. Nelas, o potencial concorrente ao Planalto em 2026 precisou marcar todos os itens da cartilha bolsonarista, inclusive aqueles que previam ataques ao ministro do STF Alexandre de Moraes, chamado por ele de tirano.

É bem provável que o bolsonarismo local – leia-se, André Fernandes e vizinhança – exija de seus novos aliados muito mais do que o mero pagamento de um pedágio político em troca de apoio efetivo do PL para a briga pelo Abolição em 2026.

A pergunta é: Ciro e RC estariam dispostos a oferecer mais do que isso?

A aposta natural do bolsonarismo, claro, é fazer da prisão do ex-presidente um tema dominante para as eleições, locais ou presidenciais. Isso seria bom para o entorno do ex-capitão, que preservaria seu capital mesmo com derrota, mas não para o campo da direita ou da centro-direita.

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