Henrique Araújo é jornalista e doutorando em Sociologia pela Universidade Federal do Ceará (UFC), com mestrado em Sociologia (UFC) e em Literatura Comparada (UFC). Cronista do O POVO, escreve às quartas-feiras no jornal. Foi editor-chefe de Cultura, editor-adjunto de Cidades, editor-adjunto de Política e repórter especial. Mantém uma coluna sobre bastidores da política publicada às segundas, quintas e sextas-feiras.
Embora já tenha reafirmado esses desejos tantas vezes, o ex-governador é sempre instado a responder se de fato estará do lado governista na disputa pelo Abolição, como se houvesse ainda dúvida sobre a solidez da relação que mantém tanto com a administração petista quanto com o ministro Camilo Santana
Foto: Jefferson Rudy/Agência Senado
CID Gomes precisou mais uma vez explicar que apoiará Elmano de Freitas ano que vem
A cada nova entrevista, o senador Cid Gomes (PSB) repisa duas convicções políticas: primeiro, a de que não será candidato a nada em 2026; segundo, que apoiará Elmano de Freitas (PT) ano que vem. Embora já tenha reafirmado esses desejos tantas vezes, o ex-governador é sempre instado a responder se de fato estará do lado governista na disputa pelo Abolição, como se houvesse ainda dúvida sobre a solidez da relação que mantém tanto com a administração petista quanto com o ministro Camilo Santana (Educação), seu pupilo e hoje principal liderança do Ceará. A pouco menos de um ano da eleição, é curioso que essa incerteza persista no campo aliancista, a despeito das garantias renovadas de Cid sempre que questionado. Das duas, uma: ou o pessebista não tem sido suficientemente enfático; ou seus interlocutores supõem que haja mais elementos em jogo com potencial para alterar os termos do acordo cidista com o projeto de recondução de Elmano no Ceará.
Cid x Camilo
Foi o que se viu na semana passada, quando o senador precisou mais uma vez explicar que endossa a reeleição do atual mandatário - na hipótese de Elmano se apresentar realmente como candidato. Mas, e se não for? Aí o cenário se altera, talvez porque o horizonte de mais quatro anos do governo do petista em caso de vitória nas urnas já esteja incluído nos cálculos à mesa. Ocorre que, a depender do desenho da corrida eleitoral que se aproxima, Elmano pode não encabeçar a chapa, ou seja, seria substituído por quadro mais competitivo para assegurar a permanência desse bloco no poder (o próprio Camilo, por exemplo). Essa alternativa não é "fanfic" de bastidor da Assembleia Legislativa, mas algo que circula de boca a boca no PT desde pelo menos maio deste ano. A pergunta, então, é: Cid chancelaria uma volta de Camilo, possivelmente para enfrentar Ciro Gomes (PSDB)?
Luizianne fora do PT?
Há rumores mal fundamentados de uma migração da deputada federal Luizianne Lins do PT para o Psol na esteira de reveses políticos recentes, entre os quais o processo de escolha que resultou na eleição de Evandro Leitão e, no ano seguinte, a disputa que redesenhou a distribuição de espaços do partido na capital e no diretório estadual. Considerando tudo isso, a ex-prefeita tenderia a se desfiliar, em parte por insatisfação, em parte para tentar o Senado. À coluna, um interlocutor não cravou que a perspectiva de saída de fato existe, mas também não se empenhou em negá-la. Se fizer esse movimento, todavia, LL tampouco teria vida fácil. No Psol, Renato Roseno é pré-candidato a federal. Quanto à senatorial, trata-se de queda de braço já encarniçada no contexto de hoje, com candidatos de peso operando no interior em articulação com prefeitos e vereadores e apoio das cúpulas de seus partidos.
O senador brasileiro e filho do ex-presidente Jair Bolsonaro, Flávio Bolsonaro, conversa com a imprensa após participar de um culto evangélico em Brasília, em 7 de dezembro de 2025. Flávio Bolsonaro foi indicado por seu pai como candidato à presidência nas eleições de outubro de 2026. (Foto de Evaristo Sa / AFP)
Crédito: EVARISTO SA/AFP
Subiu no telhado
Menos de 72 horas depois de anunciado como candidato à Presidência, Flávio Bolsonaro (PL) admitiu que pode desistir, mas mediante "pagamento", isto é, aprovação de anistia no Congresso ou coisa que o valha. Parece piada. Se já não era levada a sério, a possibilidade de o "zero-um" concorrer ao Planalto agora é lida como mero blefe sem consequências, que tende a se mostrar ineficaz tanto para influir na agenda da Câmara, livrando a cara do pai, quanto para ajudar a manter o capital do bolsonarismo dentro da família nas negociações para definição de chapa em 2026. Como agravante, nova rodada do Datafolha revelou que apenas 8% dos respondentes acreditam que Bolsonaro deveria apoiar Flávio, ante 22% de Michelle Bolsonaro e 20% de Tarcísio de Freitas - o que, em princípio, coloca por terra a tese segundo a qual esse campo jamais optaria por uma mulher como candidata no pleito.
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