Henrique Araújo é jornalista e doutorando em Sociologia pela Universidade Federal do Ceará (UFC), com mestrado em Sociologia (UFC) e em Literatura Comparada (UFC). Cronista do O POVO, escreve às quartas-feiras no jornal. Foi editor-chefe de Cultura, editor-adjunto de Cidades, editor-adjunto de Política e repórter especial. Mantém uma coluna sobre bastidores da política publicada às segundas, quintas e sextas-feiras.
Foto: Samuel Setubal
FORTALEZA, CEARÁ, BRASIL, 26-08-2024: Debate Eudoro Santana e Domingos Filho na Rádio O Povo CBN. (Foto: Samuel Setubal/ O Povo)
Dirigente estadual do PSB, Eudoro Santana elevou o tom contra o ex-presidenciável Ciro Gomes, agora filiado ao PSDB. Durante encontro de confraternização da legenda, o pai do ministro Camilo Santana (Educação) admitiu que Ciro pode concorrer ano que vem ao Governo do Estado e que é tarefa da sigla evitar um cenário de vitória do adversário. "Ele (Ciro) não merece (eleger-se governador), ele não tem respeito por ninguém", disse Eudoro, acrescentando que o tucano "é uma pessoa perniciosa". As palavras mais duras reservadas ao ex-ministro pelo ex-deputado são um ponto de inflexão no partido do qual também fazem parte os irmãos de Ciro: o senador Cid Gomes, a secretária de Estado Lia Gomes e o ex-prefeito de Sobral Ivo Gomes. Desde que o nome do mais velho dos Ferreira Gomes passou a constar como alternativa principal da oposição para a disputa eleitoral de 2026, essa foi a primeira vez em que um quadro político mais próximo de Camilo não apenas reconheceu a potencial ameaça que a candidatura do tucano representa, mas também decidiu jogar mais pesado com o ex-aliado. É possível, no entanto, que o teor das declarações de Eudoro acabe causando constrangimentos no PSB, a depender de como reajam Cid, Ivo e Lia, que, embora hoje do lado oposto ao do primogênito, vêm estreitando a distância que os separa dele.
Uma vice para Elmano?
Ex-secretária e hoje chefe do FNDE, órgão vinculado ao MEC, Fernanda Pacobahyba tem crescido como aposta já para 2026, seja como possível candidata a mandato de deputada federal pelo PSB, seja como nome para a vice do governador Elmano de Freitas (PT). Dos dois cenários, o mais interessante, conforme aliados, é o segundo. Nele, Pacobahyba aparece como indicação de peso e qualificação acima da média, predicados que a projetariam como perfil ideal para um governador em busca de reeleição. O único impasse se dá por causa não da eleição do próximo ano, mas da de 2030. Em caso de vitória de Elmano agora, e com a pessebista como companheira de chapa, Pacobahyba seria postulante natural à reeleição quando do afastamento do chefe do Abolição – tal como se viu com Camilo e sua vice na época, a professora Izolda Cela, também do PSB. As dificuldades começam aí: o PT de fato vai concordar com a alternância de poder para o grupo de Cid? Se sim, Pacobahyba, hoje mais ligada a Camilo do que ao senador, seria a escolhida pelo Ferreira Gomes?
Sem puxador de votos
Há ainda outro problema: Cid é hoje o maior "puxador de votos" da chapa governista. Se levar adiante o que vem dizendo publicamente, ou seja, se não postular reeleição para o Senado em 2026, o governador Elmano terá de preencher esse buraco, já que o petista iria para uma tentativa de recondução sem Camilo e sem Cid como candidatos na chapa – seriam "padrinhos", é verdade, mas entre apadrinhar e compor formalmente a nominata submetida ao eleitor vai uma boa distância. Daí a insistência dos governistas para que Cid de fato pleiteie novo mandato: primeiro porque carreia votos, segundo porque afasta o espectro de Júnior Mano e terceiro porque amarra o apoio do senador à base camilista.
Foco em Juazeiro
O prefeito de Juazeiro do Norte, Glêdson Bezerra (Podemos), vem ganhando musculatura como opositor de Elmano. Reeleito em 2024, o gestor do município caririense é cotado como candidato ao Governo e também como vice de um nome mais forte, ora o de Roberto Cláudio (União), ora o de Ciro. Como estratégia para se posicionar no mercado eleitoral, Bezerra tem escalado os embates diretos com o chefe do Abolição no que diz respeito ao repasse de recursos estaduais. A ver como essa contenda se reflete nas costuras políticas.
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