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Guimarães e Camilo divergem sobre Senado
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Henrique Araújo é jornalista e doutorando em Sociologia pela Universidade Federal do Ceará (UFC), com mestrado em Sociologia (UFC) e em Literatura Comparada (UFC). Cronista do O POVO, escreve às quartas-feiras no jornal. Foi editor-chefe de Cultura, editor-adjunto de Cidades, editor-adjunto de Política e repórter especial. Mantém uma coluna sobre bastidores da política publicada às segundas, quintas e sextas-feiras.

Guimarães e Camilo divergem sobre Senado

Numa base tão ampla quanto a governista, as chances de um arranjo mal costurado resultar em aporrinhações e conflitos são relativamente grandes, sobretudo se o PT abocanhar duas posições na majoritária
Tipo Opinião
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FORTALEZA-CE, BRASIL,13.12.2025: Alexandre Padilha, ministro da saúde, Camilo Santana, Ministro da educação, Elmano de Freitas, governador do Ceará e demais autoriddes da saúde, participam de lançamento do Mutirão de procedimentos médicos no Complexo Hospitalar da UFCEbserh. (Fotos: Fabio Lima/OPOVO) (Foto: FÁBIO LIMA)
Foto: FÁBIO LIMA FORTALEZA-CE, BRASIL,13.12.2025: Alexandre Padilha, ministro da saúde, Camilo Santana, Ministro da educação, Elmano de Freitas, governador do Ceará e demais autoriddes da saúde, participam de lançamento do Mutirão de procedimentos médicos no Complexo Hospitalar da UFCEbserh. (Fotos: Fabio Lima/OPOVO)

A quem lhe pergunte, o ministro Camilo Santana (Educação) tem feito saber que ao PT caberia a cabeça da chapa para 2026 na disputa pela reeleição de Elmano de Freitas, no que o partido estaria já plenamente contemplado. Essa é uma tese que o chefe do Abolição também tem encampado. Entre aliados mais chegados, a avaliação é de que as duas vagas para o Senado tendem a se distribuir uma com um nome de peso já próximo do governismo e a outra com um postulante mais distante (Moses Rodrigues, por exemplo), de modo a assegurar a amizade dos amigos e a aproximar os potenciais adversários. Na teoria, trata-se de uma leitura inteligente do cenário. Ocorre que, numa base tão ampla quanto a governista, as chances de um arranjo mal costurado resultar em aporrinhações e conflitos são relativamente grandes, sobretudo se o PT abocanhar duas posições na majoritária - uma para o Executivo e outra para senador, como pretende o deputado José Guimarães. E aqui vale notar: líder do governo Lula na Câmara, o petista não parece disposto a abrir mão da cadeira para a corrida, como já havia feito outras vezes. No fim de semana, por exemplo, fez novas movimentações durante encontros do partido, todas regidas pelo mesmo espírito: é candidatíssimo à senatorial.

Sem plano B

Com o deputado Júnior Mano (PSB) abatido em pleno voo pelas investigações da PF no caso do escândalo das emendas, das duas, uma: ou Cid Gomes recua da intenção manifesta de não concorrer e assume o posto de candidato a novo mandato no Senado (e aí a vaga derradeira ficaria por se decidir entre Guimarães e Eunício Oliveira, do MDB); ou o senador cede passagem, o que poderia facilitar a acomodação dos aliados para a Câmara Alta - mas criaria dificuldades significativas para o governismo lá na frente, tanto porque a formação para senador talvez não apresentasse o desenho esperado, quanto porque esse futuro alternativo é, entre todos os outros, o que mais contém abacaxis para o governo descascar.

Cid fora da chapa

Afinal, sem Cid postulando mandato de senador (e na hipótese de Mano não figurar como sucessor), o Abolição teria de recompor o pacto com o pessebista. Não que o Ferreira Gomes represente ameaça de rompimento (quero crer que não), mas, eliminado o cenário no qual ele buscaria se reeleger senador, tudo o mais seria passível de cálculo e revisões, com um olho em 2026 e outro em 2030. Por uma razão: os espaços de maior capital numa chapa como essa são poucos, entre os quais estão as duas vagas para senador, a de vice e a do próprio titular. Como não se imagina que Elmano troque de lugar com Cid, e excluídas as cadeiras parlamentares, o que sobra? A posição de companheiro de chapa do governador. Ou isso - ou Cid precisaria sacar da manga um plano alternativo (houve mesmo quem falasse em Robério Monteiro, mas isso foi antes de o furacão das emendas ganhar dimensão "tsunâmica").

Supremo silêncio

É fora de propósito que, a esta altura, os ministros do Supremo Dias Toffoli e Alexandre de Moraes não tenham emitido qualquer comunicado, breve que seja, sobre suas estranhas relações com o banco Master, diretas ou indiretas. Não se supõe que R$ 3,6 milhões pinguem mensalmente na conta de Viviane Moraes, com quem o magistrado é casado, sem que ele se dê por si - fosse na minha, eu certamente saberia. Tampouco que se considere trivial voar de carona com o advogado da instituição sob investigação, como fez Toffoli. Palavrosos no mais das vezes, eis que os togados subitamente se fecharam em copas, guardando silêncio monástico diante de arapuca capaz de arrastar a corte para o olho do furacão.

 

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