Henrique Araújo é jornalista e mestre em Literatura Comparada pela Universidade Federal do Ceará (UFC). Articulista e cronista do O POVO, escreve às quartas e sextas-feiras no jornal. Foi editor-chefe de Cultura, editor-adjunto de Cidades e editor-adjunto de Política.
A participação surpreendente na eleição para Conselhos Tutelares é termômetro do que vem pela frente. Realizada nesse domingo, a escolha dos 40 integrantes do colegiado em Fortaleza antecipou o clima de 2020, com embate direto entre campos que já estavam na base das tensões eleitorais de 2018.
De um lado, o segmento ligado às denominações neopentecostais, que descobriu um nicho de atuação na arena pública até então ocupado por outros atores, sobretudo os de sinal oposto no espectro ideológico. De outro, os postulantes simpáticos ao campo da esquerda, que tinham hegemonia nesse espaço. Não têm mais.
O que o processo de escolha dos conselheiros mostrou foi que esse setor, assim como tantos outros na sociedade brasileira, está em disputa. O grande número de pessoas que foram às urnas para votar, num processo que habitualmente transcorre sem chamar atenção, é sinal de que as peças do xadrez de 2020 já estão em movimento.
A campanha para conselheiros mobiliza apoios, que depois serão carreados para outras quedas de braço, como a eleição para Câmara e Prefeitura. É parte de uma engrenagem política, portanto, que começou a ser acionada nesse fim de semana pelas duas alas majoritárias na política brasileira.
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