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No Ceará, Moro evita críticas aos policiais militares: "São profissionais dedicados"
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Henrique Araújo é jornalista e mestre em Literatura Comparada pela Universidade Federal do Ceará (UFC). Articulista e cronista do O POVO, escreve às quartas e sextas-feiras no jornal. Foi editor-chefe de Cultura, editor-adjunto de Cidades e editor-adjunto de Política.

No Ceará, Moro evita críticas aos policiais militares: "São profissionais dedicados"

Em Fortaleza para vistoriar operação da Garantia da Lei e da Ordem, Sergio Moro jogou panos quentes sobre a situação, evitou criticar os policiais amotinados e disse que está tudo sob controle
Tipo Opinião
Mais cedo, os ministros Sergio Moro e Fernando Azevedo sobrevoaram a Região Metropolitana de Fortaleza na manhã desta segunda-feira, 24 (Foto: Fábio Lima/O POVO)
Foto: Fábio Lima/O POVO Mais cedo, os ministros Sergio Moro e Fernando Azevedo sobrevoaram a Região Metropolitana de Fortaleza na manhã desta segunda-feira, 24

De passagem por Fortaleza para acompanhar a execução da operação de Garantia da Lei da Ordem (GLO), decretada pelo governo Bolsonaro, o ministro Sergio Moro (Justiça e Segurança Pública) evitou criticar policiais militares que paralisam as atividades no Ceará desde a terça-feira, 18.

Em entrevista coletiva ao lado do governador Camilo Santana (PT) na manhã desta segunda, Moro jogou panos quentes sobre o cenário no estado. Disse que estava “sob controle” e que o Exército cumpria função de segurança nas ruas. Também falou que a situação local era “temporária e deve ser resolvida brevemente”.

Moro não mencionou o motim uma única vez. Pelo contrário. Enquanto Camilo voltou a dizer que PMs descumpriam a Constituição Federal, o ministro contemporizou. “Os policiais são profissionais dedicados, que arriscam sua vida e devem ser valorizados”, respondeu a uma pergunta de jornalista.

O papel de Moro no Ceará é duplo: como ministro, vistoriar a GLO – estava acompanhado do chefe da Defesa. Como político, garantir que a imagem de Bolsonaro saia ilesa da intervenção. Afinal, os militares são parte importante da base do eleitorado do presidente. No 18º Batalhão da PM, epicentro da paralisação, o grito de “mito” foi ecoado algumas vezes.

Isso explica por que, desde que os PMs cruzaram os braços no Ceará, não se ouviu uma só reprimenda de Moro e Bolsonaro sobre as ações dos agentes. Se já foi diligente e talvez precipitado noutras situações, apressando-se a emitir juízos fora dos autos, o Moro de agora é diferente.

No Ceará, Moro apresentou-se menos como ministro da Justiça e mais como um agente destacado do bolsonarismo, que aportou ao Estado para assegurar os interesses políticos de seu chefe.

Institucionalmente, a missão que lhe cabe aqui exigiria forçosamente uma condenação explícita e sem meias palavras da conduta de parte da polícia, sobretudo depois do toque de recolher em Sobral. Na prática, o ministro jogou para o público do seu chefe superior e abrandou o discurso, saindo pela tangente.

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