Henrique Araújo é jornalista e mestre em Literatura Comparada pela Universidade Federal do Ceará (UFC). Articulista e cronista do O POVO, escreve às quartas e sextas-feiras no jornal. Foi editor-chefe de Cultura, editor-adjunto de Cidades e editor-adjunto de Política.
Dez dias atrás, quando ainda não havia casos confirmados de coronavírus no Ceará e o país engatinhava no enfrentamento à doença, o governador Camilo Santana (PT) anunciou a primeira medida para conter a pandemia que vinha deixando o mundo em sobressalto.
Naquele 10 de março, a Secretaria da Saúde do Estado criava um canal de comunicação para tirar dúvidas da população. A intenção era evitar que as pessoas procurassem diretamente postos e hospitais, deixando-os superlotados. Àquela altura, a Covid-19 era realidade distante dos cearenses.
Dois dias depois, no entanto, diante da escalada do vírus, o Governo anunciaria o seu primeiro grande pacote de medidas para conter a sua proliferação.
Pelas redes sociais, Camilo escreveu em 12/3: “Mesmo sem a confirmação de casos de coronavírus no Ceará até este momento, anuncio medidas que tomamos para a prevenção e tratamento de eventuais casos”.
Entre as ações, estavam “liberação de R$ 45 milhões para todas as ações necessárias pela Secretaria da Saúde do Estado”, antecipou o petista, “como compra de material de diagnóstico e suplementação de insumos hospitalares para tratamento de pacientes”.
Desse primeiro pacote até a edição do decreto que impõe fechamento do comércio sob pena de multa de R$ 50 mil por dia, o intervalo foi curto – e o número de casos, explosivo. Nesse período, o Ceará passou a 24 casos confirmados.
No caminho, o chefe do Executivo ampliou aquisição de leitos de UTI, suspendeu as aulas da rede escolar estadual, pediu a interrupção de voos internacionais para o Ceará, bloqueou divisas e lançou um apelo para que os cearenses fiquem em casa, em isolamento social.
Assinado e publicado nesta quinta-feira, 19, o decreto governamental é um dos mais duros adotados por gestores em todo o Brasil, com amplo raio de alcance do qual estão liberados apenas os serviços considerados fundamentais, tais como farmácias, supermercados e postos de combustíveis.
10/3 - Secretaria da Saúde do Estado cria canais de comunicação para informar sobre coronavírus. Ainda não há casos confirmados da doença no Ceará
12/3 - Mesmo sem registros confirmados da infecção, Governo anuncia primeira leva de medidas contra o coronavírus, que inclui liberação de R$ 45 milhões para a Sesa, aumento de 30 leitos de UTI e preparação de 14 unidades hospitalares
13/3 - Governo anuncia a criação do Comitê Estadual de Enfrentamento à Pandemia do Coronavírus
15/3 - Assembleia Legislativa restringe acesso de visitantes, suspende viagens e compra álcool em gel para conter transmissão da doença
15/3 - Três primeiros casos de coronavírus são confirmados no Ceará, segundo boletim epidemiológico diário
15/3 - Centro de Eventos do Ceará cancela programação por 30 dias
16/3 - Governo suspende todas as aulas de toda a rede pública por 15 dias
16/3 - Ceará decreta emergência de Saúde Pública por coronavírus
16/3 - Governador pede à Anac e à Anvisa a suspensão temporária de todos os voos internacionais para o Ceará
18/3 - Camilo Santana anuncia novas medidas para enfrentamento ao coronavírus, entre elas a compra de mais 600 leitos de UTI, 100 mil máscaras e 400 mil litros de álcool em gel. Governador faz apelo por isolamento social. O Ceará tem 11 casos confirmados e outros 159 caos suspeitos
19/3 - Governo edita decreto estabelecendo fechamento do comércio, restaurantes, bares, academias, shoppings e outros estabelecimentos pelo prazo de dez dias, além de bloqueio nas divisas do estado. Multa é de R$ 50 mil/dia para quem descumprir medida
20/3 - Governo cria site reunindo todas as informações mais importantes sobre cuidados e combate ao coronavírus no Ceará
20/3 - Governo decreta ponto facultativo para servidores do Estado de hoje até o dia 27
23/3 - Transporte intermunicipal será suspenso a partir da meia-noite desta segunda-feira, 23
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