Henrique Araújo é jornalista e mestre em Literatura Comparada pela Universidade Federal do Ceará (UFC). Articulista e cronista do O POVO, escreve às quartas e sextas-feiras no jornal. Foi editor-chefe de Cultura, editor-adjunto de Cidades e editor-adjunto de Política.
De um grupo de políticos cearenses acometidos pela Covid-19 e que se curaram da infecção, apenas um fez uso de medicamento com base em cloroquina durante tratamento.
Vice-governadora do Ceará, Izolda Cela não recorreu ao remédio, cuja eficácia não está comprovada, mas que vem sendo alvo de controvérsia desde que o presidente da República Jair Bolsonaro passou a defendê-lo publicamente.
Também infectado, o prefeito de Fortaleza Roberto Cláudio (PDT) recuperou-se sem a prescrição da droga, apenas com “repouso, água e quarentena”, conforme disse à coluna.
Líder do governo do Estado na Assembleia Legislativa (AL-CE), o deputado Júlio César Filho (Cidadania) “permaneceu em rigoroso isolamento domiciliar por 14 dias desde o aparecimento do primeiro sintoma”. Já curado, o parlamentar respondeu que não utilizou cloroquina para combater a patologia.
Colega de Legislativo, o deputado estadual Queiroz Filho (PDT), que foi diagnosticado com a enfermidade, informou não ter recebido orientação médica para aplicação da substância. O parlamentar enfatizou que “jamais usaria o medicamento” sem a recomendação expressa de um profissional.
Ex-deputado estadual e pré-candidato do PSDB à Prefeitura de Fortaleza, Carlos Matos falou que usou, sim, a cloroquina contra o novo coronavírus. O tucano relata ter evoluído bem, até estar totalmente refeito da doença, que já matou 53 pessoas no Ceará. Perguntado se acredita que o medicamento foi determinante para a melhora de seu quadro, não respondeu.
A reportagem procurou o titular da Secretaria da Saúde do Estado (Sesa), o dr. Cabeto, que testou positivo para a doença, mas não houve resposta.
Irmão do prefeito Roberto Cláudio, o senador Prisco Bezerra (PDT), também diagnosticado com a infecção, não deu retorno ao questionamento até o momento.
Apenas no Ceará, a pandemia já registra 1.376 casos confirmados e 53 óbitos – 41 deles em Fortaleza.
No último fim de semana, o governador do Estado Camilo Santana (PT) prorrogou o decreto de quarentena por mais 15 dias, estendendo-o até 20 de abril, quando se completa um mês de isolamento no Ceará.
A primeira medida suspendendo o comércio foi adotada pelo chefe do Executivo no dia 20 de março.
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