Henrique Araújo é jornalista e mestre em Literatura Comparada pela Universidade Federal do Ceará (UFC). Articulista e cronista do O POVO, escreve às quartas e sextas-feiras no jornal. Foi editor-chefe de Cultura, editor-adjunto de Cidades e editor-adjunto de Política.
Em 17 de maio de 2017, o dono da JBS, Joesley Batista, grampeou o então presidente Michel Temer em conversas escandalosas no Palácio do Jaburu.
Era o fim do governo do emedebista, que se arrastaria ainda até 2018. O episódio, que causou a queda das bolsas e um terremoto no mundo político, ficou conhecido como “Joesley Day”.
Sergio Moro, agora ex-ministro, ativou hoje uma bomba com o mesmo impacto ao anunciar a sua saída do governo de Jair Bolsonaro e trazer à tona o subterrâneo político do Planalto.
Em tom relatorial, como se lesse um inquérito da Lava Jato, o ex-magistrado elencou acusações contra o presidente que o colocam sobre o fio da navalha. Todas gravíssimas.
Entre outras coisas, Moro disse que Bolsonaro quer interferir na Polícia Federal e que teme repercussões do inquérito que corre no Supremo para investigar “fake news” e os organizadores do ato antidemocrático do qual participou.
Também falou que o presidente fraudou a demissão de Maurício Valeixo ao classificá-la no Diário Oficial da União como “a pedido” e fazendo constar uma assinatura sua, sem que de fato ele tenha assinado o documento.
Mais grave: assegurou que Bolsonaro queria indicar alguém de confiança na PF, de modo que pudesse ter acesso a relatórios sigilosos de apurações em andamento.
Enfim, coisa suficiente para causar estrago imenso, não apenas à imagem presidencial, já desgastada desde a condução da crise do coronavírus, mas a seu futuro político imediato.
É um rosário de crimes que devem ser processados a partir de agora, seguindo roteiro já conhecido dos brasileiros.
Inevitável que a Procuradoria-Geral da República apresente uma denúncia contra o presidente, a despeito das fortes ligações entre Augusto Aras e o ex-capitão.
Também irreversível que ao menos um dos 24 pedidos de impeachment passe a caminhar na Câmara dos Deputados e que ações semelhantes no STF ganhem celeridade.
O cerco se fecha agora. Em bom português: o governo acabou, quer termine em 2020, como tudo indica, ou apenas em 2022, como foi o de Temer.
Isso porque a Bolsonaro falta exatamente o que sobrava em Temer: sentido de autopreservação política.
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