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O tigrinho, o MP, a Justiça e a corda fraca
Foto de Honório Bezerra Barbosa
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Jornalista e bacharel em Comunicação Social e Direito

O tigrinho, o MP, a Justiça e a corda fraca

O jogo do tigrinho é considerado um cassino online, que ficou famoso, e que promete ganhos fáceis e montante elevado. Quem joga, paga, não ganha, em meio às contas fakes das casas de apostas
Capa da reportagem Do avestruz ao tigrinho: as complexas relações do Brasil com jogos de azar
 (Foto: Isac Bernardo)
Foto: Isac Bernardo Capa da reportagem Do avestruz ao tigrinho: as complexas relações do Brasil com jogos de azar

Diariamente acesso no meu celular o Youtube e sou atingido por publicidade, inesperada, do jogo do tigrinho (Fortune Tiger), variadas, algumas claramente com uso de inteligência artificial. Creio que milhões de usuários no Brasil assistem a esses vídeos que nos tentam convencer a entrar no jogo, que é ilegal.

Em face de inúmeras reclamações de usuários, ou melhor, vítimas, que foram lesadas e perderam ‘seu rico dinheirinho’, o Ministério Público e a Justiça começaram a agir. Influenciadores digitais (blogueiros) foram presos Brasil a fora.

O jogo do tigrinho é considerado um cassino online, que ficou famoso, e que promete ganhos fáceis e montante elevado. É divulgado em vários sites, na Internet, mas é proibido no Brasil. Afinal, quem joga, paga, não ganha, em meio às contas fakes das casas de apostas, porquanto é manipulado e resultada em estelionato, lavagem de diário e em outros crimes.

A relatora da CPI das Bets, senadora Soraya Thronicke, segundo a Agência Senado, sugeriu em seu relatório “a proibição de apostas on-line como o Jogo do Tigrinho, chamadas por ela de ‘caça-níqueis on-line’ e por apresentar características ‘exclusivamente deletérias’” – vício dos usuários e impossibilidade de fiscalização pelo ente público.

O MP e a Justiça têm agido na responsabilização dos divulgadores. É fato. Entretanto, há de se observar que no rol dos indiciados e alvos de operações de busca, apreensão e de prisões há personagens grandes e pequenos, de maior e de menor importância.

Nesse meio digital, há também, digamos assim, simples filmadores e editores de imagens – contratados por tais influenciadores, que acabam sofrendo a pedido do Ministério Público e determinadas pela Justiça - medidas restritivas que nos parecem exageradas.

Talvez seja a vez de lembrar o velho ditado popular ‘a corda quebra do lado mais fraco’. Em vários casos - aqui no Ceará e alhures, lemos notícias de proibição de que os ‘filmmakers’ foram proibidos de continuarem trabalhando, por exemplo, além de outras medidas cautelares. Então, cabe aqui a pergunta: Não se trata de exagero?

Assistimos, portanto, a dificuldade existente para que o governo federal e a Justiça impeçam a divulgação diária do ‘tigrinho’, e sua prática, tão popular, porquanto a publicidade de tal jogo permanece ativa na Internet. Não há meio para tal impedimento? Isso é compreensível? Age-se na ponta, mas os empresários chineses continuam livres, bem como as plataformas.

Foto do Honório Bezerra Barbosa

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