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As palavras nos trazem lembranças
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Jornalista e bacharel em Comunicação Social e Direito

As palavras nos trazem lembranças

Ao sair de Iguatu para estudar em Fortaleza, início dos anos de 1980, deparei-me com um fruto, cuja cor me chamou a atenção: beringela, em uma gôndola de um supermercado, algo novo para meus olhos
Feira de produtos orgânicos para Ciência e Saúde
Na foto: Beringela
Foto: Rafael Cavalcante, em 03/05/2011 (Foto: RAFAEL CAVALCANTE)
Foto: RAFAEL CAVALCANTE Feira de produtos orgânicos para Ciência e Saúde Na foto: Beringela Foto: Rafael Cavalcante, em 03/05/2011

Lugares, filmes, músicas, textos e fotos nos trazem lembranças com certeza. As palavras também nos remetem a acontecimentos das nossas vidas. Alguns engraçados e outros nem tanto ao longo da nossa vida.

Para mim, isso acontece com frequência. Quase que diariamente. Lendo, ouvindo rádio, TV e conversando com amigos e parentes. Muitas dessas situações estão relacionadas à aprendizagem ao ouvir pela primeira vez a palavra que ficou marcada espontaneamente, mas indelével.

Recentemente, e esse é o motivo que me leva a abordar essa temática, ouvi, (imagina onde?) em um vídeo em uma plataforma digital, no celular, a palavra grosa. Havia muitos anos que não a ouvia. Logo me veio à lembrança do meu pai em sua mercearia, abrindo uma caixa de lápis pretos e me ensinando – “uma grosa, doze dúzias”. Era pré-adolescente.

Ao sair de Iguatu para estudar em Fortaleza, no início dos anos de 1980, deparei-me com um fruto, cuja cor me chamou a atenção: beringela, em meio a diversas frutas, verduras e legumes, em uma gôndola de um supermercado, algo novo para meus olhos. Meses depois, ao retornar para período de férias, trouxe uma e achei que faria surpresa ao meu pai. Ao vê-la, comentou: “Plantei muito na horta do Cruiri”. Ele havia sido verdureiro. É impossível ver uma beringela e não ter essa recordação.

Em um contexto mais íntimo, ocorrido há mais de quatro décadas, um amigo me falou que a namorada dele, eventual, havia lhe dito que queria (e exigia) bem encaixado. Não consigo ouvir essa palavra e não me lembrar dessa história.

Quando estudante universitário fui convidar o saudoso padre Vieira para lançamento de um livro durante semana universitária em Iguatu. Ao chegar à casa paroquial e cumprimentá-lo falei essa pérola: “Eu não sei se o senhor se lembra, mas eu estive aqui há dois anos atrás...” E ele logo interrompeu, observando: “Você já viu anus na frente?”. Não.  Se já tem o verbo haver no sentido de tempo decorrido para que colocar mais um ‘atrás’? Lição gramatical aprendida e ensinada com sutileza.

Um ex-presidente do Brasil, muito recente da nossa história, prefiro não o nominar, ainda na campanha eleitoral era apontado como misógino. Confesso que não conhecia ou não me lembrava de tal termo. Um primo, em mesa de bar, num sábado à tarde, comentou sobre a misoginia. Pronto. Ficou na memória.
São tantas lembranças... e quais as suas?

Foto do Honório Bezerra Barbosa

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