PSG e Chelsea na final do Mundial; conheça o contexto que levou cada clube à decisão
clique para exibir bio do colunista
Integrante do Grupo O POVO há 5 anos, com passagem pela redação do Esportes O POVO e atualmente como repórter setorista do Ceará Sporting Club. Nesta coluna se volta à paixão pelo futebol europeu, ampliando o espectro do já estabelecido Clássico-Rei local.
PSG e Chelsea na final do Mundial; conheça o contexto que levou cada clube à decisão
Ingleses e franceses revivem a rivalidade histórica por meio do futebol na grande final. Entenda o que cada diretoria fez antes para os times chegarem nesta etapa do torneio
Foto: Juan Mabromata/AFP e Alex Grimm/Getty Images North America/Getty Images via AFP
PSG e Chelsea vão em busca do título da Copa do Mundos de Clubes de FIFA.
PSG e Chelsea se enfrentam na final do Mundial de Clubes para definir o campeão da primeira edição do novo modelo do torneio internacional da Fifa. Apesar de serem dois times que conseguiram fazer uma boa temporada — cada qual com seu objetivo —, o confronto marcará duas estratégias diferentes de fazer futebol por parte das diretorias. Os parisienses mudaram a rota das contratações, saindo da busca pelas grandes estrelas para validar o projeto esportivo. Já a parte azul de Londres trabalha na captação de talentos jovens pelo mundo, esperando que o pico técnico do atleta seja atingido no clube.
A final, que acontecerá na tarde deste domingo, 13, às 16 horas, no MetLife Stadium, em Nova Jersey, terá o melhor do mundo na atualidade como favorito, o PSG. Mas antes de chegar neste nível, a história recente do Paris foi marcada por doloridas eliminações precoces em competições internacionais, que são os principais objetivos da Qatar Sports Investments (QSI).
O grupo catari inicialmente teve como estratégia norteadora do projeto a contratação de grandes estrelas das principais ligas europeias. Ibrahimovic, Edinson Cavani, Thiago Silva, Di María, Neymar, Messi e vários outros nomes que estão no rol dos maiores jogadores do século vestiram a camisa parisiense. É claro que, para convencer profissionais desse porte a irem para uma liga que não é tão valorizada (até hoje), foi necessário oferecer salários estratosféricos e pagar valores de transferência exorbitantes, como foi o caso de Neymar, em que o PSG pagou a multa rescisória de € 200 milhões ao Barcelona, em 2017 — até hoje o maior valor pago pela aquisição de um atleta.
A contratação de estrelas foi suficiente para o PSG dominar com folga o futebol francês. Desde a chegada da QSI, em 2011, sob a direção esportiva de Nasser Al-Khelaïfi, o Paris só não venceu a Ligue 1 nas temporadas 2011/12, 2016/17 e 2020/21. Porém, nos desafios internacionais, o PSG era frequentemente eliminado nas oitavas ou quartas de final da Champions. A exceção foi na temporada 2019/20, quando os parisienses chegaram à final, mas acabaram derrotados pelo Bayern de Munique.
As frequentes eliminações precoces, a pressão aumentando a cada ano sem a conquista internacional, somadas ao título de Champions do "vizinho" Manchester City e a crescente insatisfação da torcida — aumentando o distanciamento e as críticas das arquibancadas — fizeram Al-Khelaïfi mudar de rota. Em vez de demitir um treinador a cada eliminação na Liga dos Campeões, apostou e bancou Luis Enrique. Em vez de gerir egos no vestiário, contratou jogadores dispostos a crescer com o clube e trouxe jovens estrelas da Ligue 1, aumentando a identificação com o público.
E nesse "retorno às raízes", a diretoria fez as pazes com a torcida, reaproximando-se das organizadas e do torcedor comum. Um exemplo dessa proximidade foi o clube oferecer institucionalmente pacotes de viagem com voo, hospedagem e ingressos por "apenas" € 500. Sem falar nas campanhas para trazer o torcedor de volta ao estádio e criar a atmosfera de pressão no Parc des Princes.
Essa sintonia entre projeto, comissão técnica, atletas e torcida transformou o PSG na melhor equipe do mundo. Os comandados de Luis Enrique golearam a Inter de Milão (5 a 0) na final da Champions, o Atlético de Madrid (4 a 0) no Mundial de Clubes, venceram o Bayern mesmo com dois jogadores a menos (2 a 0), e golearam o Real Madrid de Xabi Alonso (4 a 0). A intensidade, o coletivo, o talento individual e a inteligência tática de Luis Enrique fizeram do Paris o time que mais bem joga futebol no mundo, e, por isso, o grande favorito.
E como o Chelsea foi montado?
Indo para o outro lado da final, partimos do cenário pós-saída do russo Roman Abramovich do Chelsea em 2022. Devido à guerra entre Rússia e Ucrânia, o magnata sofreu sanções do governo inglês e foi praticamente forçado a vender os Blues. Para qualquer um que viesse substituir o russo — que elevou o patamar do Chelsea na história do clube — a tarefa não seria fácil, e não foi para o grupo liderado pelo americano Todd Boehly.
Boehly é um magnata americano cujas franquias mais conhecidas são os Los Angeles Lakers (basquete) e Los Angeles Dodgers (beisebol). Ao adquirir o Chelsea, a estratégia definida pela nova diretoria foi a contratação de jovens talentos garimpados pelo mundo. Apesar de focar em jogadores de menor idade, considerados apostas pela pouca experiência — apesar do talento —, o clube teve de investir pesado. Foram mais de €1,6 bilhão gasto em três temporadas. Se citarmos somente os atletas não relacionados para o Mundial contratados desde 2022, a cifra supera os € 245 milhões investidos em profissionais que sequer estão sendo utilizados.
Para burlar o Fair Play Financeiro, o Chelsea adotou a estratégia de oferecer contratos longos, diluindo o valor investido ao longo dos anos em suas demonstrações financeiras. Por isso temos atletas como Palmer, com contrato até 2033, e Caicedo e Enzo Fernández, que chegaram em 2023 e possuem contratos até 2031, estão no elenco dos Blues sem maiores problemas.
Porém, seguindo o exemplo do PSG, Boehly também ajustou a rota de sua gestão e começa colher os primeiros bons resultados. O Chelsea interrompeu a rotatividade de técnicos e apostou no competente Enzo Maresca. Para ilustrar, desde 2022, passaram pelo comando do clube londrino: Thomas Tuchel, Graham Potter, Frank Lampard, Mauricio Pochettino e, por fim, Enzo Maresca — quase um novo técnico a cada semestre.
Com a mudança de perfil — mantendo o técnico e consolidando jovens talentos contratados a "peso de ouro" (que ainda têm margem de evolução) —, o Chelsea começou a alcançar maior estabilidade esportiva. Se em 2022/23 o clube amargou a 13ª colocação na Premier League, em 2023/24 melhorou para a 6ª, e na temporada passada (2024/25) terminou em 4º lugar, com vaga para Champions League e ainda conquistando a Conference League.
Agora, o Chelsea de Enzo Maresca terá o desafio de superar o PSG na final do Mundial e provar que este elenco jovem está pronto para os duelos mais difíceis que estão por vir nesta próxima temporada. Palmer, Enzo e Caicedo, atletas já consolidados como estrelas da Premier League, precisarão dominar o meio-campo, setor mais forte dos parisienses.
É com essa expectativa de grande confronto e todo esse contexto histórico recente que espero uma grande partida nesta "Guerra dos Cem Anos" dos tempos modernos. É claro que aqui, em Fortaleza, as atenções se dividirão com o Clássico-Rei, que acontece logo após a final do Mundial. Mas recomendo fortemente aos torcedores alvinegros e tricolores que não deixem de acompanhar a decisão e apreciem o bom futebol antes do acirrado clássico local.
Ôpa! Tenho mais informações pra você. Acesse minha página
e clique no sino para receber notificações.
Esse conteúdo é de acesso exclusivo aos assinantes do OP+
Filmes, documentários, clube de descontos, reportagens, colunistas, jornal e muito mais
Conteúdo exclusivo para assinantes do OPOVO+. Já é assinante?
Entrar.
Estamos disponibilizando gratuitamente um conteúdo de acesso exclusivo de assinantes. Para mais colunas, vídeos e reportagens especiais como essas assine OPOVO +.