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Escrever sobre a mulher e o negro no futebol é ocupar espaço
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Jornalista e colunista de futebol feminino do Esportes do O POVO. Graduada em Jornalismo no Centro Universitário Sete de Setembro (Uni7). Já passou por assessorias de imprensa e foi repórter colaborativa da plataforma de notícias VAVEL Brasil

Iara Costa esportes

Escrever sobre a mulher e o negro no futebol é ocupar espaço

Na estreia, colunista Iara Costa reflete sobre a construção de espaços para minorias no futebol, desde a proibição de mulheres praticarem esportes até a CBF sendo presidida por um homem acusado de assédio sexual
Tipo Opinião
Mulheres têm ganhado maior espaço dentro e fora de campo, mas ainda há muito caminho a ser percorrido.  (Foto: Lucas Figueiredo/CBF, Thais Magalhães/CBF e Arquivo Pessoal)
Foto: Lucas Figueiredo/CBF, Thais Magalhães/CBF e Arquivo Pessoal Mulheres têm ganhado maior espaço dentro e fora de campo, mas ainda há muito caminho a ser percorrido.

O futebol vai sempre refletir o que nós vivemos socialmente. Embora muitas pessoas se neguem a acreditar que este possa se misturar com a política, a história do esporte no Brasil sempre está entrelaçada com a narrativa política. Na época pós-monarquia, os negros não eram bem vindos no futebol, assim como não eram bem vindos na maioria dos espaços sociais. Já as mulheres eram vistas somente como provedoras do lar e pouco tinham espaço para se expressar dentro e fora de casa.

Somente com o avanço da justiça social foi que a história passou a mudar, dentro e fora de campo. Na marra, o negro mostrou aos jogadores brancos o que hoje chamamos de ginga, o famoso "jeitinho brasileiro" de se jogar futebol, e foi conquistando um pouco de espaço social. A primeira grande seleção brasileira, em 1938, era capitaneada por dois negros retintos — o zagueiro Domingos da Guia e o atacante Leônidas da Silva, o "Diamante negro".

Já a mulher, por 40 anos proibidas de praticar esporte no país pelo decreto-lei 3.199 imposto por Getúlio Vargas, lutou por um espaço mínimo que, aos poucos, vem finalmente sendo conquistado dentro do esporte. Hoje, elas ocupam diversos cargos dentro de campo como jogadoras, preparadoras físicas, treinadoras, árbitras e fora dele como comentaristas e até narradoras.

Nem tudo são flores, entretanto. Assim como a sociedade ainda não é totalmente tolerante com diferenças sociais e físicas, o futebol também não é. Não à toa, vivenciamos casos de racismo no esporte e, nós, mulheres, temos de tolerar machismo em pleno 2021.

Ainda temos muito a avançar e ter, até dias atrás, um homem acusado de assédio no maior cargo do futebol brasileiro e casos de abuso sexual e homofobia no futebol feminino, por exemplo, sinaliza bem isso. E só podemos fazer isso ocupando espaços.

Meu objetivo, aqui, semanalmente, é trazer informações, análises e curiosidades sobre o universo da mulher e do negro no futebol, mas é também pisar no calo do privilégio quando for necessário. Afinal, se o futebol reflete o que vivemos socialmente, para o bem e para mal, por que não utilizar o esporte como um meio de conscientização?

Espero não estar sozinha nessa caminhada.

Foto do Iara Costa

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