Jornalista e colunista de futebol feminino do Esportes do O POVO. Graduada em Jornalismo no Centro Universitário Sete de Setembro (Uni7). Já passou por assessorias de imprensa e foi repórter colaborativa da plataforma de notícias VAVEL Brasil
Jornalista e colunista de futebol feminino do Esportes do O POVO. Graduada em Jornalismo no Centro Universitário Sete de Setembro (Uni7). Já passou por assessorias de imprensa e foi repórter colaborativa da plataforma de notícias VAVEL Brasil
Investimento, de acordo com o Google, nada mais é que aplicar recursos e tempo a fim de se obter algo. O tempo desse retorno é variável e depende de muitos fatores que não cabe a esta coluna trazer, para não tornar esse texto um apanhado sobre economia.
No futebol, o tempo entre aplicação e retorno é bastante curto. Quando um time investe em um jogador — pagando altos salários, por exemplo —, a torcida espera que este atleta seja a chave para resolver muitos problemas de maneira rápida; caso contrário, ele é visto como prejuízo.
Não estou aqui para julgar isso como certo ou errado, pois é esperado que o torcedor seja a parte passional da equação. Isso é algo que nunca vai mudar no futebol. Este pensamento não pode, entretanto, ser mantra de todas as categorias do esporte. Quando o clube investe milhões em uma nova loja, por exemplo, ele não deve esperar retorno daquele investimento com um mês de funcionamento. É necessário ter paciência e o mesmo se aplica ao futebol feminino.
A modalidade ainda é embrionária em boa parte do Brasil, com exceção dos clubes de São Paulo. Não à toa, já que vivemos em um país que até proibiu a mulher de praticar esportes durante décadas. Não se pode esperar, então, que um elenco com três ou quatro anos de existência suba de divisão e lá se mantenha se os recursos empreendidos não crescerem e se a agremiação não tiver paciência para assimilar isso.
O motivo pelo qual abordo este assunto hoje é o fim da primeira fase do Brasileirão Feminino Série A1. Dos quatro clubes que ascenderam de divisão na temporada passada, Botafogo-RJ, Bahia e Napoli-SC caíram. O time restante, o Real Brasília-DF, ocupou a 10ª colocação em uma tabela de 16 times. Estes rebaixamentos são frutos de descaso. Pode ser um descaso menor que o que vivíamos anos atrás, mas ele ainda existe.
Um dos rebaixados, por exemplo, o Botafogo investiu R$ 700 mil na modalidade quando o time jogou a A2. Este valor pouco foi alterado após o time subir de divisão. Apesar da chegada de alguns patrocinadores, o clube carioca extinguiu a base feminina neste ano. O resultado nada poderia ser além do rebaixamento e ele não vai mudar em clube algum que não enxergar que, para se ter qualquer retorno, é necessário se ter paciência e investimento decente.
O exemplo disso vem, como sempre, do futebol europeu. Tratando o futebol feminino como joia a ser lapidada, o Olympique Lyonnais — Lyon —, investiu alto e deu ótimas condições de trabalho para suas atletas. Com esses ingredientes, a equipe francesa se tornou o time feminino que mais conquistou títulos na Europa nos últimos anos. Seguindo essa receita de sucesso, o Barcelona incrementou os investimentos e conquistou a Champions League feminina em 2021.
Ainda que a dois passos da primeira divisão, Ceará e Fortaleza precisam aprender essa lição com os clubes europeus desde já. Caso contrário, o futebol feminino nunca vai deixar de ser uma despesa e um critério para classificação para outras competições, e não é assim que ele deve ser visto.
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