Jornalista e colunista de futebol feminino do Esportes do O POVO. Graduada em Jornalismo no Centro Universitário Sete de Setembro (Uni7). Já passou por assessorias de imprensa e foi repórter colaborativa da plataforma de notícias VAVEL Brasil
Jornalista e colunista de futebol feminino do Esportes do O POVO. Graduada em Jornalismo no Centro Universitário Sete de Setembro (Uni7). Já passou por assessorias de imprensa e foi repórter colaborativa da plataforma de notícias VAVEL Brasil
O futebol nunca foi o mais justo dos universos. Dentro de campo, muitas vezes o time que mais merece a vitória coloca a bola na trave e vê, na jogada seguinte, o adversário virar o placar. Fora dele, a disparidade é clara, principalmente em setores sociais e econômicos. Essa assimetria também existe quando falamos em violência sexual dentro do mundo futebolístico.
No dia 4 de junho deste ano, o presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), Rogério Caboclo, foi formalmente acusado de assédio moral e sexual por uma funcionária da entidade. Na semana passada, mais uma denúncia surgiu contra dele. Outra funcionária alega ter sido vítima de assédio e agressão física e psicológica. Desde a data citada, Caboclo está afastado da entidade.
O fato de o presidente da maior instituição futebolística do País estar longe do futebol e sendo julgado como deveria é bastante significativo. Não faço ideia do que irá ocorrer na quarta-feira, 25, quando os presidentes das federações votarão para decidir o futuro dele, mas é importante que ele tenha passado por um processo de denúncia, acusação e julgamento, ao invés de simplesmente inocentá-lo por ele ser um homem poderoso.
Não me iludo com isso, no entanto. A "justiça" no caso das denúncias feitas não existe apenas pelas mulheres que foram assediadas por estes, mas também pelo desgaste que existe entre o mandatário afastado e parte da cúpula da CBF, que se demonstra mais próxima a Marco Polo Del Nero — ex-presidente da entidade, atualmente banido do futebol, mas cheio de poder. Pura politicagem. Se assim não fosse, a probabilidade de ter muito mais gente defendendo Caboclo era enorme, infelizmente.
Não vou muito longe para provar isso. Na última semana, quando o Atlético-MG venceu o River Plate por 3 a 0 e garantiu classificação nas semifinais da Libertadores, o técnico Cuca foi citado como "o melhor técnico brasileiro dos últimos 10 anos". Esse mesmo Cuca foi condenado na Suíça em 15 de agosto de 1989 a 15 meses de prisão por violência sexual contra pessoa vulnerável. Mesmo assim, ele segue trabalhando como técnico e segue ocupando uma posição que o rende idolatria no meio do futebol.
Cuca não é o único a viver normalmente, mesmo com uma mancha na sua ficha policial, no futebol brasileiro. Exemplos, infelizmente, não faltam. Quando nós, mulheres, nos manifestamos contra isso, como já vi ocorrer no Estado e no Brasil, somos menosprezadas e recebemos um tratamento desonesto se comparado ao que recebem os homens que são acusados por qualquer violência sexual dentro dessa bolha.
Não sou contra a ressocialização. Nascida e criada em uma favela, sei como esse processo é importante na vida de um indivíduo que tem uma segunda chance na vida, mas sou totalmente contra que essas pessoas ocupem qualquer posição que o renda idolatria, como é o caso de boa parte dos cargos no futebol.
Infelizmente sei que eles ocupam e sei também que continuarão a ocupar até que desagradem também aos homens. Até quando precisamos de justiça nessa área temos de depender da atuação atuação masculina, muito embora ela venha de motivos errados?
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