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O mito da falta de audiência do futebol feminino
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Jornalista e colunista de futebol feminino do Esportes do O POVO. Graduada em Jornalismo no Centro Universitário Sete de Setembro (Uni7). Já passou por assessorias de imprensa e foi repórter colaborativa da plataforma de notícias VAVEL Brasil

Iara Costa esportes

O mito da falta de audiência do futebol feminino

Final do Brasileirão Feminino A1 entre Palmeiras e Corinthians gera maior audiência do ano para Band e faz cair por terra argumento de que modalidade não rende audiência
Tipo Opinião
No Allianz Parque, Palmeiras e Corinthians jogaram no último domingo, 12, o jogo de ida da final do Brasileirão Feminino 2021.  (Foto: Rebeca Reis/Staff Images/CBF)
Foto: Rebeca Reis/Staff Images/CBF No Allianz Parque, Palmeiras e Corinthians jogaram no último domingo, 12, o jogo de ida da final do Brasileirão Feminino 2021.

Desde 2019, quando passei a acompanhar o futebol feminino mais de perto, o argumento que mais escuto para o fato de as emissoras pouco mostrarem a modalidade é: "Futebol feminino não dá audiência". À época, por estar começando a estudar e me interessar sobre o assunto, pouco poderia argumentar além do típico "não transmite por não dar audiência ou não tem audiência por não transmitir?". Com a razão e a emoção, eu sabia que o interesse por acompanhar o esporte poderia aumentar se houvessem mais informações sobre isto. Afinal, eu, que gastei a adolescência nas quadras das escolas que estudei, só passei a querer assistir mulheres jogando quando comecei a ver discussões sobre o assunto na internet. 

Neste fim de semana, Corinthians e Palmeiras jogaram a primeira partida da final do Brasileirão Feminino A1 de 2021. Exibindo jogos de futebol feminino aos domingos desde 1° de novembro de 2020, a emissora Bandeirantes provou meu ponto nesta semana, quando o clássico paulista fez o canal bater recorde de audiência. De acordo com dados do Ibope, divulgados pelo portal TV Pop, o embate teve pico de 5 pontos de audiência, o equivalente a cerca de 1 milhão e 25 mil pessoas assistindo a partida. Na grande São Paulo, a média foi de 3,7 pontos.  

Este, obviamente, não foi o número e nem a média inicial do canal desde o início das transmissões de futebol feminino, mas ter mais de um milhão de pessoas assistindo a um único jogo é fruto de um investimento que foi feito e, como eu sabia e sentia, mostra a cada dia que pode dar retorno.

A lógica também se aplica ao campo. Já faz um tempo que Corinthians e Palmeiras não encaram mais o futebol feminino como uma obrigação imposta pela Confederação Brasileira de Futebol (CBF). O resultado disso pode ser visto não somente pelo fato de os times terem protagonizado um jogo bom e disputado — chegaram à final com boas campanhas —, mas também por suas jogadoras estarem entre as principais da seleção brasileira. Os times, inclusive, possuem patrocínios próprios. Com investimento e visibilidade, o crescimento se tornou real. 

Tenho a ciência de que o poderio financeiro das duas equipes influenciam, mas não tenho dúvidas de que ambos os times podem servir de exemplo para os clubes que, mesmo tendo futebol feminino há anos, ainda o tratam como a tal da obrigação da CBF. Assim como a audiência da Band pode influenciar os canais de TV que ainda acham que seria perda de tempo (e dinheiro) exibir algo "que não dá audiência". Afinal, esse argumento foi batido por mais de um milhão de pessoas no último final de semana, e esse número só tende a crescer. 

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