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As cansativas notas de repúdio que não acabam com o racismo no futebol sul-americano
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Jornalista e colunista de futebol feminino do Esportes do O POVO. Graduada em Jornalismo no Centro Universitário Sete de Setembro (Uni7). Já passou por assessorias de imprensa e foi repórter colaborativa da plataforma de notícias VAVEL Brasil

Iara Costa esportes

As cansativas notas de repúdio que não acabam com o racismo no futebol sul-americano

Para colunista, times e torcedores alvos de racismo precisam aprender a incomodar a Conmebol para que a entidade tome alguma providência que supere notas de repúdio
Torcedor do River Plate joga bananas na torcida do Fortaleza em jogo da Libertadores. O caso é tratado como racismo.  (Foto: Reprodução)
Foto: Reprodução Torcedor do River Plate joga bananas na torcida do Fortaleza em jogo da Libertadores. O caso é tratado como racismo.

O povo sul-americano é diverso em vários âmbitos e essa característica muito reflete dentro do futebol. Por isso a Copa Libertadores, assim como a Sul-Americana, tem seus encantos como nenhum outro torneio do mundo, em minha humilde opinião. Ela reflete cada povo de cada país, com suas torcidas inconfundíveis e particularidades que somente quem é daqui sabe, como cachorros, gambás e quero-queros invadindo o gramado e pessoas de todas as idades tendo seu jeito único de torcer e cornetar nas arquibancadas.

Como o futebol ecoa o que somos como população, muito mais do que as partes boas, ele também ecoa as vertentes ruins, como as diferenças sociais e o racismo. Eu poderia gastar horas falando sobre como o futebol latino, embora reflita tanto seu povo, tem se tornado cada vez mais elitizado — o maior exemplo disso é o preço que se paga para assistir qualquer uma das duas competições citadas acima, seja de casa ou da arquibancada. No entanto, o foco desta coluna será o preconceito que reverberou em cinco jogos na semana passada.

Torcedores do Fortaleza, do Corinthians, do RB Bragantino, do Palmeiras e do Flamengo foram alvos de racismo em estádios pela América do Sul em um intervalo de quatro dias. Quase como algo roteirizado, nos jogos de todos os times citados um torcedor adversário imitou um macaco ou sugeriu que brasileiros fossem um, jogando bananas para o lado oposto da arquibancada. As ações dos clubes que sofreram o preconceito também foi repetido: nota de repúdio e pedido por ação das autoridades. Do outro lado dessa disputa, as equipes também utilizaram-se de nota para pedir desculpa. 

É muito fácil escrever qualquer coisa ou usar a palavra "desculpa", principalmente de maneira escrita. Falta ao futebol sul-americano algo mais do que só palavras ou promessas de ação contra esse mal. Se a Conmebol segue na promessa — já faz uns bons anos — de que vai agir, mas nada faz no dia a dia além de campanhas que nada muda, é hora de os times, ou os torcedores a quem essas competições são direcionadas, fazerem algo que ultrapasse essa cordialidade de palavras que nada mudam chamada "nota de repúdio". 

Para muitos, boicotar a competição não é algo acessível ou mesmo possível por questões financeiras, mas é necessário que esse assunto vire uma pedra no sapatos da entidade responsável e também dos veículos que transmitem a competição. Somente se tornando "um incômodo" para Conmebol é que os times e torcidas vítimas de racismo poderão mostrar como se sentem e como o futebol seria melhor se todos os preconceitos reverberados em arquibancadas fossem realmente combatidos. 

A arquibancada certamente não perderia sua beleza.  

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