Jornalista e colunista de futebol feminino do Esportes do O POVO. Graduada em Jornalismo no Centro Universitário Sete de Setembro (Uni7). Já passou por assessorias de imprensa e foi repórter colaborativa da plataforma de notícias VAVEL Brasil
Jornalista e colunista de futebol feminino do Esportes do O POVO. Graduada em Jornalismo no Centro Universitário Sete de Setembro (Uni7). Já passou por assessorias de imprensa e foi repórter colaborativa da plataforma de notícias VAVEL Brasil
O time feminino do Ceará foi exposto a duas grandes goleadas em fevereiro. No início do mês, a equipe foi derrotada em 10 a 0 pelo Flamengo na Supercopa Feminina. No último sábado, 25, a goleada foi ainda maior, quando o Corinthians bateu as Alvinegras por 14 a 0.
O placar repercutiu nacionalmente, embora o jogo tenha sido transmitido apenas por aplicativo, após comoção das jogadoras do Timão, que consolaram o choro de algumas atletas juvenis do Vovô. Algumas atletas que não participaram do jogo também se manifestaram, como Cristiane Rozeira, hoje no Santos.
Após o episódio, repercutiu entre torcedores do Vovô e fãs de futebol feminino o questionamento sobre o motivo pelo qual o clube cearense havia exposto jovens àquelas goleadas. Claro, não há justificativa para se colocar meninas menores de idade diante de jogadoras profissionais de um dos elencos mais fortes da América. No entanto, há motivos, embora injustificáveis.
Desde o rebaixamento da equipe masculina, o Vovô avaliou e teve a ciência que seria difícil manter o patamar de investimento em outras modalidades, pois o foco seria o acesso à primeira divisão. A desistência da participação do Brasileirão Feminino foi cogitada ainda no final de ano, mas o clube recuou da ideia ao saber que, conforme artigo 71 do regulamento da CBF, teria que ficar suspenso por dois anos de qualquer competição coordenada pela instituição na modalidade.
Nesse caso, se não jogasse a A1, o Ceará só poderia voltar a qualquer competição de futebol feminino com selo da CBF em 2025. Essa volta teria ainda que ocorrer de forma gradual. Se mantido o regulamento de hoje, por exemplo, o time cearense teria que passar dois anos apenas jogando campeonato estadual, o que tornaria complicada a manutenção de todo o projeto. O grupo ainda teria que vencer o Campeonato Cearense feminino dois anos depois para conquistar vaga no Brasileirão A3 e, por meio dele, caçar novamente o acesso à A2 e posteriormente à A1.
A partir desse ponto, uma decisão teve que ser tomada. Desiste e recomeça do zero, ou se expõe e recomeça em 2024 na A2, assim como terminou 2021? Nenhuma das opções justificaria a exposição das atletas jovens como vem ocorrendo, mas, após essa repercussão nacional, o clube está ciente disso.
Resta saber qual decisão será tomada a partir desse momento. Já que não é possível se fazer um milagre, o que pode ser feito — e o que de fato será executado — nessa busca por mudanças? Não temos como saber, independentemente das palavras que escutarmos de hoje em diante, mas toda pessoa que se importa minimamente com futebol feminino quer que algo seja feito e que as decisões tomadas sejam um pouco mais baseada em um mínimo de dignidade, para o clube e, especialmente, para as jogadoras.
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