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O caso Antony e a resposta, ainda que tardia, da CBF
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Jornalista e colunista de futebol feminino do Esportes do O POVO. Graduada em Jornalismo no Centro Universitário Sete de Setembro (Uni7). Já passou por assessorias de imprensa e foi repórter colaborativa da plataforma de notícias VAVEL Brasil

Iara Costa esportes

O caso Antony e a resposta, ainda que tardia, da CBF

Atleta brasileiro foi desconvocado da seleção brasileira após novas provas de denúncia de violência doméstica serem expostas pela imprensa nacional
Tipo Opinião
Atacante Antony no amistoso Marrocos x Brasil no Estádio Ibn Batouta, em Tânger (Foto: Rafael Ribeiro/CBF)
Foto: Rafael Ribeiro/CBF Atacante Antony no amistoso Marrocos x Brasil no Estádio Ibn Batouta, em Tânger

A Confederação Brasileira de Futebol (CBF) anunciou ontem à tarde a desconvocação do ponta-direita Antony da seleção brasileira. O jogador do Manchester United, da Inglaterra, é acusado de violência doméstica pela ex-namorada, a DJ e influenciadora Gabriela Cavallin, desde julho de 2023, quando as primeiras matérias sobre o assunto passaram a circular no Brasil. Atualmente, o atleta é alvo de uma investigação pela Justiça de São Paulo.

Ainda que a denúncia exista há três meses, somente após enorme repercussão de uma reportagem divulgada pelo site UOL, com vídeos e fotos do caso, é que a CBF decidiu tomar uma atitude. Vale ressaltar que são fotos novas, mas algumas delas já existiam, mesmo fazendo parte de um processo sigiloso, assim como registros de conversas em que o jogador supostamente ameaça a vítima fisicamente, além de agredi-la verbalmente. Para violência contra a mulher, este foi o protocolo.

Bem diferente do que ocorreu com Lucas Paquetá, que foi cortado da convocação ao ser investigado por violações de apostas pela Federação Inglesa. Parece que há dois pesos e duas medidas para crimes de ódio e de fraude/manipulação, e não deveria ser assim. A camisa da seleção brasileira representa o que há de melhor no Brasil, seu "futebol arte", e não deve manchada assim.

Ainda que o pentacampeonato tenha sido construído com ajuda de figuras controversas, é hora de mudar. Reutilizando a lógica do presidente do Fortaleza, Marcelo Paz, ao defender o fim de cânticos homofóbicos no estádio, não é porque "sempre foi assim" que não devemos mudar.

Se um atleta é alvo de uma investigação, ainda que a Constituição estabeleça a presunção da inocência, a CBF deve resguardar a própria imagem e a do Brasil que representa.

Falando na instituição, a resposta — ainda que tardia da CBF — é um excelente reflexo do motivo pelo qual devemos mesclar debates sociais ao futebol. Se não fosse a publicação de novas provas da denúncia feita pelo UOL, que forçou o jogador a se pronunciar, dificilmente a entidade teria respondido com o corte — tardio — do atleta, já que a denúncia já existia antes.

Parte do papel da imprensa, ainda que não seja bem aceito ou compreendido por parte retrógrada da sociedade, é justamente esse. E doa a quem doer, por mais tarde que seja, estamos avançando neste sentido. 

 

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