
Jornalista e colunista de futebol feminino do Esportes do O POVO. Graduada em Jornalismo no Centro Universitário Sete de Setembro (Uni7). Já passou por assessorias de imprensa e foi repórter colaborativa da plataforma de notícias VAVEL Brasil
Jornalista e colunista de futebol feminino do Esportes do O POVO. Graduada em Jornalismo no Centro Universitário Sete de Setembro (Uni7). Já passou por assessorias de imprensa e foi repórter colaborativa da plataforma de notícias VAVEL Brasil
A final do Campeonato Cearense Feminino foi um jogo histórico, e não somente por marcar o primeiro título decidido em Clássico-Rainha entre Ceará e Fortaleza na modalidade na Arena Castelão. O embate que teve como campeãs as Alvinegras nos pênaltis, com show da goleira Laís Quesia, foi um grande símbolo de justiça social.
Para adentrar no estádio, o torcedor ou torcedora tinha que desembolsar dois quilos de alimento — um valor solidário e também simbólico que foi revertido na doação de 4 toneladas para o projeto Ceará sem Fome. O baixo custo não foi o suficiente para lotar completamente os setores superior central e premium do Gigante da Boa Vista por diversos motivos que vão entre divulgação tardia e horário da decisão, mas foi o bastante para promover uma maior acessibilidade ao estádio e fazer do jogo um bom duelo de arquibancada entre alvinegros e tricolores.
Nas cadeiras do Castelão, em imagens captadas pelo O POVO e também divulgadas na VozãoTV em vídeo de bastidores do título, era possível ver todo tipo de torcedor, mas principalmente pessoas idosas, crianças e muitas mulheres. Havia ali naquele meio quem fosse o curioso que nunca havia adentrado no estádio após a última reforma, conforme relatado à coluna por pessoas que estavam dos dois lados da arquibancada. Havia ainda gente que não ia a um jogo de futebol há muito tempo ou que deixou de o fazer por questões como violência em jogos de futebol ou questões financeiras.
Muitos desses personagens, pessoas que provavelmente esbarramos todos os dias pelas ruas da capital, encontraram na final entre Ceará e Fortaleza uma chance: a de esbravejar um grito de gol. Esse grito carrega o som dos que hoje são excluídos da arquibancada por uma cultura que afasta o torcedor mais humilde e comum das arenas esportivas — ainda que Vovô e Leão sabiamente tenham planos de sócios-torcedores com opções acessíveis, olhando sob a ótica do valor.
Ainda que o motivo tenha sido tão somente conhecer o Gigante da Boa Vista, é simbólico que tenha sido o renegado futebol feminino a promover acessibilidade e um clima de paz entre as provocações do Clássico-Rainha. Uma pena que os dirigentes dos clubes também não tenham se feito presentes para assistir isso, mas vale a reflexão.
Será possível, para 2024, promover em pelo menos um jogo por campeonato uma parte da arquibancada com valores solidários? E será ainda executável tornar o futebol feminino mais atrativo ao fiel torcedor alvinegro e tricolor para que ele caminhe de encontro às torcidas? São apenas ideias, mas que se mostraram eficientes na final da Arena Castelão. Que na próxima temporada, elas não sejam apenas idealizadas, mas que sejam executadas por clubes e torcidas. Afinal, todo mundo só sairia ganhando nisso tudo.
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