
Jornalista e colunista de futebol feminino do Esportes do O POVO. Graduada em Jornalismo no Centro Universitário Sete de Setembro (Uni7). Já passou por assessorias de imprensa e foi repórter colaborativa da plataforma de notícias VAVEL Brasil
Jornalista e colunista de futebol feminino do Esportes do O POVO. Graduada em Jornalismo no Centro Universitário Sete de Setembro (Uni7). Já passou por assessorias de imprensa e foi repórter colaborativa da plataforma de notícias VAVEL Brasil
Chega um momento na vida do jornalista esportivo que, de tanto ler notas oficiais, ele(a) decora exatamente o que é dito. Claro que cada texto jornalístico tem uma estrutura pré-definida que deve ser respeitada, mas, ao mesmo tempo, é como se clubes, federações e instituições e até mesmo órgãos públicos não saíssem do óbvio quando o assunto é se posicionar.
É exatamente o que tem ocorrido após o caso de racismo sofrido pelo atleta Luighi, do Palmeiras, em jogo contra o Cerro Porteño, no Paraguai, pela Libertadores sub-20 na semana passada. O choro e as cicatrizes que ele relata que vai carregar pelo resto da vida depois de ser vítima de um crime tão explícito até fazem com que o Ministério do Esporte e outras instituições e federações, assim como outros times, se manifestem em favor dele. Mas até quando será só isso que os times de futebol serão capazes de fazer?
Até quando todo o episódio será apenas um festival de promessas de que "nenhum caso de racismo será mais tolerado"? Aliás, não é a primeira vez e nem será a última em que uma grande instituição dirá isso. Mas quando essa afirmativa será cumprida? Quando pedidos de mudanças menos brandas serão solicitadas à Conmebol, que até hoje sempre se reserva a dar multa e pedir que os clubes de torcida com histórico de racismo postem uma arte nas redes sociais dizendo que racismo é crime? Tais medidas são tão eficientes quanto gritar no vácuo.
Se faz cada vez mais necessário que os times e a Confederação Brasileira de Futebol — ou até mesmo o Ministério do Esporte — pressione a Conmebol em busca de algo mais efetivo. Se for preciso, até mesmo paralisar as participações brasileiras em torneios sul-americanos — e convenhamos que isso iria acabar com o órgão sul-americano e seus patrocinadores, já que as equipes brasileiras carregam essas competições nas costas nos últimos anos.
Será que os times hoje não fazem isso com medo dos seus patrocinadores? É uma grande questão, que não deve ser excluída, é claro, pois futebol é dinheiro. Mas será que esses patrocinadores querem mesmo estar ligados a isso tudo, sendo a imagem de fundo de um vídeo de um jovem chorando por só querer jogar futebol sem ser desqualificado por sua cor de pele? Eu acredito que não, mas eles só serão capazes de se posicionar contra isso se o movimento de mostrar que casos de racismo não serão tolerados vier de quem é alvo dele. É hora de agir mais e escrever um pouco menos para quem tem mais poder que eu, que só posso usar nesse momento essas palavras.
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