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Por que ainda é preciso pedir o básico, Conmebol?
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Jornalista e colunista de futebol feminino do Esportes do O POVO. Graduada em Jornalismo no Centro Universitário Sete de Setembro (Uni7). Já passou por assessorias de imprensa e foi repórter colaborativa da plataforma de notícias VAVEL Brasil

Iara Costa esportes

Por que ainda é preciso pedir o básico, Conmebol?

Em meio à Copa América Feminina, jogadoras da seleção brasileira tiveram de vir a público reclamar sobre a realização do aquecimento em um cubículo — que era dividido com outro time — para que o campo fosse liberado
Seleção brasileira feminina realizou trabalho de aquecimento nos jogos da Copa América em sala pequena e com cheiro de tinta no ar.  (Foto: Reprodução/Redes Sociais)
Foto: Reprodução/Redes Sociais Seleção brasileira feminina realizou trabalho de aquecimento nos jogos da Copa América em sala pequena e com cheiro de tinta no ar.

A Eurocopa Feminina chega, nesta terça-feira, 22, ao seu primeiro jogo de semifinal ao mesmo tempo em que se realiza mais uma rodada de jogos da Copa América da modalidade. Dois torneios de futebol feminino com propostas parecidas, mas conforme acentuado por Kerolin em suas redes sociais, com uma diferença surreal de estrutura, audiência e investimento.

Falar sobre investimentos e audiência prolongaria esse texto, e também seria como chover no molhado — ainda que isso seja necessário várias vezes —, de modo que irei me limitar a falar desta vez sobre o básico: a estrutura não oferecida pela Conmebol. 

A maior instituição de futebol do Continente é mais uma das que fala em "valorização do futebol feminino" na teoria sem aplicar na prática, e isso fica claro quando, em pleno 2025, Marta — a rainha do futebol — precisou vir a público para reclamar da ausência do básico. Ela, Kerolin, Ary Borges e o técnico Arthur Elias denunciaram as condições absurdas da competição. Nas duas primeiras rodadas, as seleções foram obrigadas a se aquecer em uma sala de 15m², com cheiro forte de tinta, sem acesso ao campo, como se jogar na altitude já não fosse desafio suficiente. 

Por que ainda é preciso pedir o básico? Por que somente após a reclamação das atletas, o campo foi liberado para um aquecimento de 15 minutos, quando isso é o básico que todo time precisa — e não um espaço de 15m² — para que uma boa preparação seja feita.

Sei que esse não é um problema que se limita ao futebol feminino, já que eventualmente também ocorre com os próprios times brasileiros em torneios da Conmebol — até mesmo com uma equipe masculina cearense já ocorreu. Mas isso não o torna mais tragável, só mais absurdo. Pois como cobrar que os torneios tenham um bom nível, se nem sequer o básico é dado de estrutura aos atletas?

Na Eurocopa, assim como na Copa Africana das Nações, já há VAR e outros conjuntos cada vez maiores de tecnologias nos jogos, enquanto na América do Sul não estávamos tendo nem sequer espaço mínimo para aquecimento sem cheiro de tinta. Como garantir um "compromisso com a igualdade", como a Conmebol tanto gosta de pregar, quando ainda falta o essencial? Sem o básico, o futebol feminino sul-americano não só não evolui — ele é travado à força.

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