
Jornalista e colunista de futebol feminino do Esportes do O POVO. Graduada em Jornalismo no Centro Universitário Sete de Setembro (Uni7). Já passou por assessorias de imprensa e foi repórter colaborativa da plataforma de notícias VAVEL Brasil
Jornalista e colunista de futebol feminino do Esportes do O POVO. Graduada em Jornalismo no Centro Universitário Sete de Setembro (Uni7). Já passou por assessorias de imprensa e foi repórter colaborativa da plataforma de notícias VAVEL Brasil
Algumas verdades, por mais claras que sejam, são dolorosas. A que novamente me bateu no final de semana passada foi o quanto a CBF, maior instituição de futebol do Brasil — o dito país de tal esporte — não liga para a modalidade feminina para além dos lucros que ela é capaz de dar na Copa do Mundo de 2027. Porque somente tal nível de desdém justifica que a organização não faça nada, nem sequer aquelas chatas notas protocolares, frente aos absurdos que ocorreram nos últimos dias nas Séries A1 e A2.
O primeiro absurdo foi no Brasileirão Feminino A2. Nas semifinais disputadas pelo Fortaleza frente o Botafogo, falhas de arbitragem nos jogos de ida e de volta. A ausência do VAR foi primordial para que um dos maiores absurdos do futebol tenha ocorrido, aliás, na partida no Rio de Janeiro, quando uma árbitra assistente que sequer conseguiu acompanhar a jogada anulou um gol legítimo das Leoas nos primeiros minutos do segundo tempo, o que mudou totalmente a trajetória da partida.
O Fortaleza e os seus profissionais, que tanto ralaram para estar ali e foram prejudicados, cobraram da CBF, assim como os torcedores, mas a instituição nada fez. Acredito infelizmente que nada fará. E o que isso diz sobre como ela enxerga a modalidade? Diz muito. Como todo silêncio sempre diz demais.
O segundo silêncio ruidoso foi quanto à viagem do Flamengo até São Paulo para as quartas de final do Brasileirão Feminino A1. Mais de 450 quilômetros entre o Rio de Janeiro e a capital paulista e as atletas rubro-negras tiveram de fazer esse trajeto dentro de um ônibus. Sete horas de viagem antes de um jogo muito decisivo porque a Confederação assim quis, já que ela quem é responsável financeiramente pelos translado de toda a competição.
O Flamengo também tem culpa por, mesmo sendo o clube mais rico do continente, não dar o menor dos confortos para as suas jogadoras, mas também não dá para se esperar muito de um clube cuja diretoria é contra um sistema igualitário de cotas entre clubes da Série A. O papelão é muito maior da CBF que sujeita que, em jogos decisivos e que valem bastante para muitos profissionais, ainda ocorram erros crassos e o básico não seja ofertado. Não que ela esteja parecendo se importar muito, mas está feio e deixando bem claro como todo o discurso pró-Copa do Mundo Feminina de 2027 parece ser muito mais pelo dinheiro e pelo marketing, não pela evolução real do futebol feminino brasileiro.
Futebol e as ressonâncias do ser mulher no mundo esportivo. Sem estereótipo. Acesse minha página e clique no sino para receber notificações.