
Jornalista e colunista de futebol feminino do Esportes do O POVO. Graduada em Jornalismo no Centro Universitário Sete de Setembro (Uni7). Já passou por assessorias de imprensa e foi repórter colaborativa da plataforma de notícias VAVEL Brasil
Jornalista e colunista de futebol feminino do Esportes do O POVO. Graduada em Jornalismo no Centro Universitário Sete de Setembro (Uni7). Já passou por assessorias de imprensa e foi repórter colaborativa da plataforma de notícias VAVEL Brasil
A cada semana, a impressão para qualquer fã é que a CBF se esforça, cada vez mais, para demonstrar que não se importa — ou talvez até nutra uma certa raiva — com o futebol feminino. Somente um desdém e até certo nível de rancor justifica que a confederação marque a primeira final do Brasileirão Feminino A2, entre Botafogo e Santos, para uma terça-feira — nesta, no caso —, às 21 horas.
Tal combinação de dia e horário nunca é utilizada em finais do futebol masculino e não é à toa. As partidas durante a semana quebram, de forma cansativa, a rotina do trabalhador. E o horário de 21 horas para uma decisão de futebol prejudica qualquer torcedor médio que tenha o mínimo de interesse em acompanhar um embate. Ainda que seja possível chegar de maneira calma no estádio, o retorno para casa é praticamente impossível por meio de transporte público, que, em sua maioria, funciona até meia-noite.
Se nem o torcedor de futebol masculino, que possui maior aderência no País, costuma ir a jogos numa terça-feira às 21 horas, por qual motivo, então, é plausível que uma decisão ocorra nesse dia e horário? Nem a CBF deve saber. Mesmo assim, ela insiste em marcar partidas em dias e horários esdrúxulos para jogos do futebol feminino brasileiro, já que, quando não é um duelo que acaba tarde da noite, é às 15 horas, em cidades cujo clima chega a marcar 40° C.
Como a maior entidade do futebol brasileiro pretende, a esses modos, tornar a modalidade minimamente atraentes para novos públicos? Como ela espera o crescimento do futebol feminino, se não há o mínimo cuidado na experiência de quem joga e de quem assiste? Ou ela acha que, se não fizer nada, magicamente os estádios estarão cheios para os jogos da Copa do Mundo Feminina de 2027?
Até aqui, parece que é exatamente isso que a entidade crê que vai acontecer, já que nada é feito para aproximar torcedores dos times femininos. Parece, inclusive, que a CBF aposta na exaustão de quem acompanha a modalidade. Torcedores que tentam se fazer presentes esbarram em uma logística impossível, jogadoras que deveriam viver o auge de uma final encontram arquibancadas esvaziadas — não por falta de interesse, mas por falta de condições básicas para que esse interesse se transforme em presença.
E quem sai ganhando no final disso tudo? Apenas a inércia de uma entidade que, ao tratar o futebol feminino como incômodo, adia um nível de crescimento que já poderia ser realidade.
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