
Jornalista e colunista de futebol feminino do Esportes do O POVO. Graduada em Jornalismo no Centro Universitário Sete de Setembro (Uni7). Já passou por assessorias de imprensa e foi repórter colaborativa da plataforma de notícias VAVEL Brasil
Jornalista e colunista de futebol feminino do Esportes do O POVO. Graduada em Jornalismo no Centro Universitário Sete de Setembro (Uni7). Já passou por assessorias de imprensa e foi repórter colaborativa da plataforma de notícias VAVEL Brasil
O Corinthians foi, por mais um ano, campeão do Brasileirão Feminino. Desta vez, a disputa contra o Cruzeiro em ambas as finais foi bem acirrada, decidida no detalhe e, ao meu ver, muito mais porque a equipe mineira não quis ousar mais do que os seus próprios limites técnicos permitiam. Este texto, no entanto, não é para falar do excelente fato de as Brabas do Timão poderem ter ganhado concorrência firme no País, outrora limitada ao Palmeiras na modalidade. É sobre a provocação feita por parte de atletas do Corinthians a Isabela, jogadora do Cruzeiro.
O contexto: a atual Cabulosa, em jogo diante do time paulista na Copa do Brasil, comemorou um gol marcado cobrando uma pendência do time paulista com ela. Após o jogo, ela salientou que o time, exemplo da modalidade no Brasil, havia pagado somente as jogadoras que permaneceram no time, mas não as que saíram. Não houve nenhuma fala direcionada ao torcedor, nenhum desrespeito direto à instituição Corinthians, mas a cobrança foi o suficiente para que os torcedores do Timão passassem a pegar no pé da atleta.
Até aí, ainda que seja lamentável que o torcedor não entenda bem a reclamação de uma trabalhadora que não recebeu um valor acordado pela conquista de um título, é até compreensível que uma provocação ocorra, já que sabemos que torcedores em geral são clubistas e sempre deixam a emoção tomar a razão. Nem eu, como torcedora, sou imune a isso. O que é lamentável é que as próprias jogadoras do Corinthians tenham entrado nesta narrativa, vendendo um discurso de que a atleta desrespeitou a instituição, quando esse desrespeito não ocorreu.
Que fique registrado, após a comemoração fazendo gesto de dinheiro, Isabela proferiu as seguintes palavras em entrevista ao SporTV: "Todo mundo já sabe o que está acontecendo em relação ao pagamento das atletas que já saíram do Corinthians. Eu acho uma falta de respeito com as jogadoras que saíram, só a gente não recebeu. Por que tem que acertar com quem está lá, mas não com quem fez história lá também? É só ter um pouco de consciência, porque quando estávamos lá, a gente tinha um respeito pela camisa e agora o mesmo respeito tem que ser com as atletas também".
Não há tripúdio com o nome do Corinthians, nem com o torcedor corintiano. Há apenas uma profissional cobrando por um direito que lhe é devido. Não é tão difícil compreender. Mas quando a compreensão se perde no meio do clubismo, a voz de uma jogadora se transforma em munição de rivalidade. E quando até colegas de profissão reforçam essa distorção, o recado que fica é preocupante: a paixão pela camisa continua pesando mais do que a justiça pelo trabalho.
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