
É jornalista, professora da rede pública, escritora de cartas e de livros não publicados.
É jornalista, professora da rede pública, escritora de cartas e de livros não publicados.
A menina de sete anos que mora em mim saltou de alegria quando a atriz e produtora Margot Robbie convidou os espectadores a entrarem na casa da Barbie. O vídeo promocional mostra detalhes de um dos filmes mais aguardados de 2023. A boneca, finalmente, vai entrar na onda dos live-actions. A verdade é que a Barbie pode ser criticada, depreciada, censurada e reprovada - mas, no meu íntimo, sempre serei uma grande fã do mundo de plástico.
Quando criança, tudo era muito dificultoso. Não havia entretenimento disponível em Cascavel. Nada de cinemas, nada de loja de brinquedos, nada de livrarias. A cidade era um tédio para uma menina cheia de ideias. As coisas bonitas precisavam ser importadas de Fortaleza. Em dezembro de 1996, meus pais prometeram ir até à Capital para comprar uma Barbie ginasta. Eu juntei as minhas moedinhas - pois educação financeira começa cedo, meus amigos - e acreditei que o sonho seria possível. Via a boneca na televisão com uma medalha de ouro e, pensava eu que, em breve, ela estaria ali, iria morar comigo, ser minha amiga...
Foi a primeira vez que eu lembro de ter ficado ansiosa. Tive insônias. Meu coração batia forte repentinamente. Imaginava mil problemas. E, de fato, no dia marcado para a compra, tudo deu errado. O ônibus atrasou e o Centro estava lotado. Não deu tempo. Voltamos para casa e meus pais me engabelaram com uma caixa de chocolate. Também foi a primeira vez que eu lembro de ter
ficado decepcionada, sentido frustração. O meu sonho de menina acabou. Como recompensa, também ganhei algumas revistinhas. É um produto difícil de explicar. A Barbie e suas amigas estrelavam histórias em quadrinhos, mas concebidas a partir de fotografias. Era uma espécie de fotonovela. Eu achava lindo. Passava horas folheando as páginas e admirando os cenários em miniatura feitos com plástico. Talvez por isso, eu tenha ficado tão encantada com a estética do longa-metragem que vai estrear nos cinemas em 20 de julho. Assistindo as cenas do trailer, eu parecia ter mergulhado em uma casa da Barbie. O filme é tão intenso que conseguiu liquidar o estoque de tinta cor-de-rosa no mundo!
Tempos depois, mamãe resolveu comprar a ginasta como presente de Natal. Já passando dos 25 anos, eu recebi o tal embrulho rosa com a boneca e seus apetrechos. Não gostava mais de brincadeiras, mas achei a iniciativa fofa. Deixei o souvenir da infância exposto no meu quarto e, todos os dias, mudava a pose - pois ela possui muitas articulações. Possui, no presente. Pois a minha Barbie está comigo até hoje. O nome dela é Liv. Mudava, no passado. Pois, agora, ela repousa em uma caixa completa de brinquedos. São as minhas sobrinhas e os meus sobrinhos que se encarregam de colocar a Barbie para dormir, comer, dançar.
Ela já foi muito criticada por reforçar padrões de beleza tóxicos. Na última década, entretanto, a boneca passou por mudanças e reposicionamentos para ganhar multiplicidade. Margot Robbie, protagonista do filme, afirmou em entrevista que não teria dado vida à personagem caso esse processo não tivesse acontecido. Há algo, entretanto, que não foi alterado: Barbie tem muitas amigas e amigos. No fundo, eu não sei se quero os cabelos claros ou o corpo escultural. Ela dirige o próprio carro, tem casa, cuida das irmãs, trabalha como astronauta, professora, cantora, modelo, veterinária, artista plástica, presidente da república, advogada e até apicultora. O meu sonho de menina é conseguir me divertir tanto quanto a Barbie, viver uma infinidade de possibilidades, sempre rodeada por companhias.
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