
Mestre de torras e barista do Atelier 1913, é uma entusiasta do café e investiga as inúmeras possibilidades do grão, em especial sua produção e consumo no Ceará.
Mestre de torras e barista do Atelier 1913, é uma entusiasta do café e investiga as inúmeras possibilidades do grão, em especial sua produção e consumo no Ceará.
Nos dias atuais é muito importante que o consumidor se informe e compreenda o que impacta no valor da sua xícara de café de todo dia, especialmente quando falamos sobre cafés de qualidade, comércio justo, valorização e respeito à cadeia produtiva. Café é um alimento e os alimentos são sempre políticos, estando fortemente ligados ao que move (ou sacode) o País.
Você deve ter notado a alta nos preços de diversos alimentos e com o café não é diferente. Essa alta ocorre há algum tempo e tem várias causas. Segundo a Associação Brasileira da Indústria de Café (ABIC), de dezembro de 2020 a julho de 2021, o preço do café nas prateleiras subiu cerca de 16% e a previsão para o final de setembro é de alta em até 40% nos mercados.
Alguns fatores contribuem diretamente para a elevação dos preços, entre eles a quebra de safra - nome dado quando a oferta de café é menor do que era prevista. As fortes geadas e a seca prolongada em diversas regiões do país comprometeram o desenvolvimento dos frutos e aumentaram a incidência de defeitos do café, reduzindo a oferta de cafés de qualidade.
Outro fator de grande influência é a desvalorização da nossa moeda, visto a grande instabilidade política e econômica do Brasil faz subir a cotação do dólar e desvaloriza o Real. Comprar cafés brasileiros fica mais interessante para outros países, o que pode comprometer e reduzir ainda mais a oferta de cafés no mercado interno. Além disso, insumos e tecnologias para a produção de cafés de qualidade que são adquiridos em dólar ficam ainda mais caros.
Outro fator, este já esperado, é a bienalidade do café (quando a produção é mais alta em um ano e mais baixa no seguinte), já prevista para este ano. Com a quebra de safra, a estimativa é uma queda de mais de 20% em relação a 2020, podendo chegar a 40% para os cafés especiais.
Com a pandemia do Covid-19, veio também o problema da escassez de insumos, embalagens e diversos materiais que compõem a cadeia produtiva tiveram um aumento na demanda e ficaram mais escassos e mais caros. Somado a isso está o aumento nos custos de produção - gás, energia, combustível e etc estão mais caros e isso aumenta o custo do produtor, ou seja, levar o café até o consumidor está bem mais caro!
Nas colunas anteriores ressaltei a importância de comprar do pequeno produtor, tendo em mente tudo o que explanamos acima, torna-se ainda mais importante para a cadeia e para a qualidade dos alimentos que consumimos valorizar esse elo frágil que é o pequeno produtor. Ao pagarmos por uma xícara de café, estamos pagando por um ano de trabalho dedicado ao café que está na sua mesa. Café não é só café!
Leia também | Confira mais dicas e informações do mundo dos cafés, com Isabelly Giffony, na coluna Tim-Tim
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