É editor digital de Política do O POVO e apresentador do programa Jogo Político, interessado no mundo do poder, seus bastidores e reflexos sobre a sociedade. Entende a política como algo que precisa ser incorporado e discutido por todos. Já foi repórter de Política e também editor da rádio O POVO CBN.
Os irmãos Ciro e Cid Gomes nunca foram totalmente alinhados politicamente. Divergiram, por exemplo, nas eleições de 2008, quando o ex-ministro apoiou a ex-esposa Patrícia Saboya na disputa pela Prefeitura de Fortaleza, enquanto o então governador ficou ao lado de Luizianne Lins (PT), que buscava a reeleição. O mesmo aconteceu em 2018, quando Cid declarou voto em Eunício Oliveira (MDB) — que postulava mais oito anos de mandato no Senado — e Ciro não queria ver o emedebista pintado de ouro.
Mas nada que abalasse a unidade do clã cuja força extrapolou os limites de Sobral e fez história no Ceará e no Brasil. Um entendia os compromissos e as preferências do outro. Passada a eleição, vida que segue. Além disso, os papéis de cada um eram muito bem definidos: Ciro ficava focado nas questões nacionais, enquanto Cid cuidava dos assuntos locais. Equilíbrio que é desfeito quando o ex-presidenciável decide interferir no processo sucessório ao Governo do Estado, e a aliança com o PT, que durava 16 anos, vai para o espaço.
A atual crise no PDT, com raízes nas eleições de 2022 e com o delicado componente familiar, elevou esse embate para outro patamar, redesenhando o grupo: Ciro isolado de um lado, Cid, Ivo, Lia e Lúcio Ferreira Gomes do outro. O irmão mais velho, que diz ainda sentir arder a "facada" da traição, não parece disposto a relevar os recentes conflitos e resiste ao novo movimento de Cid, que tenta tomar para si o comando do partido.
Como pano de fundo, a sucessão municipal de 2024 e o apoio ou não à tentativa de reeleição do prefeito José Sarto (PDT), assunto que também divide os dois e é ponto crucial para a restauração da união PT-PDT. Os interesses são inconciliáveis e ninguém parece disposto a ceder.
Independente de quem seja o vencedor, o resultado também será traumático, afastando ainda mais os irmãos que, por anos, deram as cartas na política cearense em sintonia estratégica. Sim, os Ferreira Gomes de outrora já não existem mais.
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