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2025: o ano em que Bolsonaro foi preso. Mas até quando?
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É editor digital de Política do O POVO e apresentador do programa Jogo Político, interessado no mundo do poder, seus bastidores e reflexos sobre a sociedade. Entende a política como algo que precisa ser incorporado e discutido por todos. Já foi repórter de Política e também editor da rádio O POVO CBN.

2025: o ano em que Bolsonaro foi preso. Mas até quando?

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Em termos políticos, não restam dúvidas de que o fato mais marcante de 2025 foi a condenação, e consequente prisão, do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e de seus aliados por tentativa de golpe de Estado. Tanto pelo ineditismo da situação como pelos impactos imediatos e futuros, principalmente quando falamos da relação entre os Três Poderes e das disputas eleitorais vindouras.

Se nas ruas a reação foi até tranquila, no Congresso a extrema-direita "tocou o terror" e tentou criar um ambiente caótico, com invasões de plenários, protestos, obstruções, ameaças: tudo para tirar de trás das grades - de uma sala da PF em Brasília, no caso - aquele que foi considerado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) como o líder de uma intentona golpista que por muito pouco não esmigalhou nossa ainda frágil democracia, envolvendo até plano para assassinar autoridades, é sempre importante lembrar.

Diante de um presidente da Câmara sem pulso firme e de um presidente do Senado contrariado com o governo Lula, conseguiram aprovar o polêmico PL da Dosimetria, que na verdade se configurou como uma "anistia light", beneficiando não só os envolvidos na turba de 8 de janeiro de 2023, por meio de uma redução drástica das penas, mas também todos os arquitetos e financiadores do movimento que não aceitou o resultado nas urnas e que não via limites para tentar manter Bolsonaro no comando do Palácio do Planalto.

O resultado disso tudo é aquela palavra polissílaba que vez ou outra surge no cotidiano do País: im-pu-ni-da-de. Jogam-se os monstros para dentro do armário, dão ali alguns anestésicos, até o momento em que eles acordam prontos para atacar novamente.

E o mais impressionante/assustador nesse episódio vergonhoso para o País foi a contribuição dada pelo líder do governo no Senado para a aprovação desse Frankenstein jurídico, o petista Jaques Wagner. Com a desculpa esfarrapada de que o projeto seria aprovado de qualquer maneira, fez um "acordo de procedimento" fundamental para o avanço da tramitação, mesmo com a flagrante inconstitucionalidade da proposta e as imorais manobras comandadas pela elite do atraso legislativo.

Um tapa na cara de quem três dias antes estava participando de protestos nas principais capitais do país, mobilizados por essa mesma esquerda que agora faz acordão no Congresso em nome de alguns bilhões a mais no orçamento. Inocente quem pensa que Wagner agiu sozinho no campo governista. Ou seja, fizeram um monte de gente de trouxa, iniciando agora uma crise de credibilidade mais do que danosa para quem ainda acredita na boa política.

O presidente Lula vai vetar? Obviamente. Mas os efeitos serão nulos, tendo em vista que a perspectiva é de que o veto seja facilmente derrubado. Aí o imbróglio cairá mais uma vez no colo do STF, que tenho minhas dúvidas se comprará mais essa briga. Aliás, o que já se comenta nos bastidores é que os ministros avaliam que cabe ao Legislativo a definição sobre a penalidade para cada tipo de crime. Problema criado, vários culpados e um Brasil incapaz de enfrentar com a devida seriedade os seus dilemas. Assim caminhamos para 2026: decepcionados e bastante pessimistas.

Foto do Ítalo Coriolano

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