
Jornalista, leitora, professora. Criou e faz curadoria das séries A Cozinha do Tempo e Cidade Portátil, dentre outras atividades.
Jornalista, leitora, professora. Criou e faz curadoria das séries A Cozinha do Tempo e Cidade Portátil, dentre outras atividades.
Você conhece o Museu Brinquedim? Já foi lá? Fica ali na Estrada da Coluna, em Pindoretama, na área metropolitana de Fortaleza. Ângela e Dim fizeram da casa - ateliê na área rural uma espécie de sítio do pica-pau-amarelo. Exagero? Então me diga que lugar fora dos livros tem uma Trilha do Saci?
Dim deriva de Jáder, Jadim, como a gente diz no Ceará - e não Jaderzinho. O Dim do brinquedo, do brincar. O Dim me contou que o nome Brinquedim, que parece de nascença e não ter sido criado, foi dito pela primeira vez por Almiro Santos. A flecha sobre fazer da casa um museu, a flecha foi disparada por Maninha Morais.
Dim já materializava em pinturas, objetos, esculturas e mobiliário as maquinações que desde menino risca e constrói no laboratório portátil de pensar o mundo como invenção.
Que bom que Ângela e Dim se encontraram e plantaram pra gente o museu. Uma folia, festa da imaginação para gente de todas as idades: de menos de 8, de mais de 80 ou que esteja em qualquer ponto da faixa entre um e o outro. Ou indo e vindo, como iô-iô. Ou balançando lá e cá, como João Teimoso, um brinquedo que, como tantas outras crianças, talvez, Dim tenha visto pela primeira vez na rua, na feira. Uma combinação de base firme com leveza no resto do corpo, está presente também em uma tradição oriental que o casal gosta de contar.
Fizeram no sítio uma outra casa para morar. Está guardada na mata. A gente nem vê. E a primeira casa, que era de morar e trabalhar, foi crescendo como a gente cresce, com o tempo. E virou o museu. Um observatório - escola de prestar atenção e estar no mundo no modo eu brinco, tu brincas, brinca nóis tudim. Tijolo por tijolo, um desenho lúdico.
Antes da pandemia, o acesso foi sinalizado com as artes do Dim em grandes formatos. Brinquedos que vemos nos altos, como bandeira de santo anunciando tempo de festa. Tão logo contaram a novidade, fui ver ao vivo, indo pela CE 040, no sentido Fortaleza - Cascavel.
Ao longo da pandemia, o museu atravessou dias como canteiro de obra. Estive lá há pouco. Está um brinco. O heliporto já existia. Mais acervo exposto nas várias salas, mais ao ar livre. Nosso olho-corpo criança festeja. Tudo vivinho da silva.
Ângela Madeiro tem ampliado as anotações sobre a flora. É um setor novo na biblioteca que é o museu. Cada árvore, mundos. Ela contou do trabalho feito pelo agrônomo Sérgio Farias Castro, especialista em botânica.
Liste cem brincadeiras que você conhece. Pergunte a uma pessoa querida sobre outras cem. Você vai ver sua memória expandir lá no museu, para onde vou a bem dizer como vou ao Plebeu Gabinete de Leitura, que fica no Centro de Fortaleza, mas nasceu com Adelaide Gonçalves em Tauá, tal qual o Brinquedim nasceu em Camocim com Antônio Jáder Pereira dos Santos. Vou pronta para saber que o mundo não cessa de nos absurdar. E não estou falando em guerra.
Colunistas sempre disponíveis e acessos ilimitados. Assine O POVO+ clicando aqui
Ôpa! Tenho mais informações pra você. Acesse minha página e clique no sino para receber notificações.