Jáder Santana é jornalista e Jáder Santana é jornalista e doutorando em Literatura Comparada pela Universidade Federal do Ceará (UFC).
Jáder Santana é jornalista e Jáder Santana é jornalista e doutorando em Literatura Comparada pela Universidade Federal do Ceará (UFC).
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Nas grades que cercam o parque Adahil Barreto, no bairro Dionísio Torres, em Fortaleza, há placas anunciando que o local é monitorado por câmeras e ressaltando que o abandono de animais é crime previsto em lei. Dada a quantidade de cachorros e gatos que, dia após dia, são largados no local, cabe perguntar se: a) não funcionam os equipamentos de vigilância; ou b) não há fiscalização e interesse do poder público no sentido de reprimir a atitude e punir os que a realizam.
O local, assim como a maior parte das praças e parques urbanos de Fortaleza, já é lar de uma infinidade de bichos que os frequentadores do espaço, em um esforço hercúleo — coletivo e coordenado — , se dividem para alimentar e medicar. Do nascer do sol ao avançado da noite, das 5h às 21h, é possível encontrar, no Adahil Barreto, voluntários que dedicam tempo e empregam recursos para oferecer a esses animais um mínimo de alimentação e saúde, em uma missão que, bem sabem eles, precisa de adesão massiva para não se tornar inócua.
Inócua porque, diante da reprodução desenfreada desses animais e dos abandonos que se repetem quase diariamente, qualquer esforço de boa vontade e auxílio vai esbarrar, fatalmente, com a realidade fria da matemática: há muito mais bichos abandonados em nossa cidade, multiplicando-se, do que voluntários dispostos a ajudá-los.
É como se a Prefeitura de Fortaleza, dissimuladamente, viesse transferindo para esses poucos bons indivíduos, e para abrigos abarrotados cuja estrutura jamais será suficiente, a responsabilidade que lhe cabe. De fato, como demonstrado em reportagem da jornalista Mirla Nobre publicada no O POVO+ em outubro do ano passado, o município não tem políticas públicas de resgate e acolhimento para os mais de 40 mil animais abandonados que vagam pelas ruas de Fortaleza.
Na última segunda-feira, 8, o prefeito José Sarto anunciou os nomes dos 17 novos secretários que passam a integrar a gestão do município, entre eles o médico veterinário Ricardo Ribeiro Garcia, que assume a Coordenadoria Especial de Proteção e Bem-Estar Animal (Coepa). Espera-se que, sob novo comando, a Coepa — junto ao Centro de Controle de Zoonose (CCZ) — se aproprie, ao menos parcialmente, do trabalho que, sendo sua atribuição, não cabe aos milhares de voluntários que se desdobram para não deixar morrer de fome os animais da cidade.
É preciso aumentar o número de castrações, firmando parcerias com mais veterinários e clínicas. Os valores repassados pela Prefeitura aos abrigos, como o São Lázaro, precisam passar por atualização. Os veículos do VetMóvel precisam circular mais, dedicando atenção especial aos espaços onde, historicamente, concentram-se os animais abandonados. As câmeras de fiscalização nos parques precisam estar ativas. E os covardes que abandonam seus bichos precisam sofrer as consequências previstas na Lei de Crimes Ambientais.
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