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Halloween 2025: conheça 4 novos livros de terror lançados no Brasil
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Jansen Lucas é coordenador de criação no O POVO, publicitário, designer e artista visual. Dedica-se a escrever sobre cultura com foco em produções de quadrinhos, cinema e literatura, explorando as conexões entre arte, narrativa e mídia em seus trabalhos

Jansen Lucas arte e cultura

Halloween 2025: conheça 4 novos livros de terror lançados no Brasil

Neste Halloween, descubra leituras que vão além dos sustos fáceis em histórias onde o verdadeiro terror habita a mente humana
Veja dicas de livros para o Halloween (Foto:  Andreas Lischka/Pixabay)
Foto: Andreas Lischka/Pixabay Veja dicas de livros para o Halloween

Nem toda noite de Halloween precisa ser feita de sustos fáceis, bruxas caricatas e monstros previsíveis. Às vezes, o verdadeiro terror mora no que é humano demais, na resistência levada ao limite, na banalização da dor, nas fissuras da mente ou nos silêncios que o cotidiano tenta esconder.

Esta seleção de quatro livros propõe um mergulho em zonas de desconforto mais sutis e sofisticadas da mente humana, onde o medo se revela menos como monstro e mais espelho. Porque o horror, aqui, não está naquilo que se esconde no escuro, mas no que a luz insiste em mostrar.

1. A Longa Marcha – Stephen King (Richard Bachman)

Em "A Longa Marcha", publicado no Brasil pela Editora SUMA, Stephen King, escrevendo sob o pseudônimo Richard Bachman, cria uma das mais intensas alegorias sobre resistência, dor e a condição humana.

Cem jovens participam de uma competição macabra: caminhar sem parar até que apenas um sobreviva. À medida que a marcha avança, a linha entre força e desespero se dissolve, e o espetáculo da morte se torna um reflexo cruel da sociedade.

Capa do livro "A Longa Marcha"(Foto: Divulgação/Editora SUMA)
Foto: Divulgação/Editora SUMA Capa do livro "A Longa Marcha"

King constrói o terror não em monstros ou fantasmas, mas na banalização do sofrimento em forma de espetáculo. A cada página, o leitor sente o peso dos passos, o colapso físico e mental de cada um dos personagens, e o vazio moral de um mundo que transforma a sobrevivência em entretenimento. É uma narrativa dura, implacável, e tão longa quanto a marcha que acompanhamos.

Mais do que um romance diatópico, "A Longa Marcha" é um "microverso" da sociedade do espetáculo em seu mais alto nível.

A Longa Marcha

2. Amanhecer na colheita – Suzanne Collins

Em "Amanhecer na Colheita", publicado no Brasil pela Editora Rocco, Suzanne Collins retorna ao universo diatópico de "Jogos Vorazes".

A autora revisita Panem para revelar a juventude de Haymitch Abernathy, futuro mentor de Katniss Everdeen, durante o 50º Massacre Quaternário, quando o dobro de tributos é lançado à arena.

Amanhecer na colheita, de Suzanne Collins(Foto: Divulgação/Editora Rocco)
Foto: Divulgação/Editora Rocco Amanhecer na colheita, de Suzanne Collins

Com ritmo envolvente e tom mais maduro, Collins equilibra brutalidade e drama, transformando o sofrimento do protagonista em um retrato comovente de resistência e perda além de ampliar o entendimento do leitor sobre a corrupção da Capital e as origens da rebeldia que moldariam o futuro de Panem.

Sem recorrer a nostalgias fáceis, a escritora constrói um elo poderoso entre passado e presente, humanizando um personagem antes marcado por seu alcoolismo e enorme cinismo. "Amanhecer na Colheita" reacende o fascínio pela famosa franquia e reafirma a força simbólica de sua saga.

Amanhecer na Colheita

3. O bom mal - Samanta Schweblin

"O bom mal", publicado no Brasil pela editora Fosforo, da argentina Samanta Schweblin transforma o cotidiano monótono em território de inquietação. Nas seis narrativas presentes no livro, gestos mínimos, como um simples toque ou troca de olhares se transformam em portas para a escuridão. O que pode parecer comum a primeira vista, logo se transforma em um terror implacável e angustiante.

 O bom mal, de Samanta Schweblin(Foto: Divulgação/Editora Fósforo)
Foto: Divulgação/Editora Fósforo O bom mal, de Samanta Schweblin

A autora escreve de forma precisa, trazendo o horror nas entrelinhas, ao mesmo tempo que nos apresenta a incerteza da fuja ou enfrentamento dentro de cada protagonista que encarnam uma dor íntima, como se carregassem dentro de si o próprio horror que bucam desesperadamente fugir.

Com prosa contida e atmosfera densa, Schweblin constrói histórias que não apenas assustam: assombram, perturbam nosso intimo.

O Bom Mal

4. Imagens estranhas - Uketsu

O misterioso autor japonês Uketsu, cuja identidade permanece desconhecida, entrega em "Imagens Estranhas" uma obra de terror psicológico simples, mas que redefine o gênero.

Publicado no Brasil pela Editora SUMA, o livro parte da descoberta de um blog intrigante, onde um jovem chamado Shin narra a vida com sua esposa ilustradora, até que suas postagens passam a revelar uma perda trágica e imagens de significado até então misterioso.

A narrativa se fragmenta em quatro partes interligadas, formando um mosaico de dor, obsessão e mistério. Uketsu manipula o ritmo com precisão cirúrgica, alternando passagens de quietude desconfortável com momentos de puro desespero.

 Imagens Estranhas, de Uketsu(Foto: Divulgação/Editora SUMA)
Foto: Divulgação/Editora SUMA Imagens Estranhas, de Uketsu

As “imagens estranhas” que pontuam o livro não são apenas ilustrações, mas peças narrativas, símbolos que revelam e ocultam, ao mesmo tempo.

A escrita de Uketsu é concisa, quase hipnótica, apesar de simples, conduzindo o leitor por uma espiral de tensão crescente.

Ao fim, resta a sensação de ter testemunhado algo proibido, de ter visto demais. "Imagens Estranhas" é um terror que não se impõe pelo susto, mas pela sugestão, um convite à vertigem do desconhecido e à beleza inquietante do medo.

Imagens Estranhas

  • Páginas: 184
  • Onde encontrar: www.companhiadasletras.com.br
  • Valor: R$ 54,90
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